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Roteiro para Reunião Mensal Julho 2017 – Pastoral Litúrgica

Roteiro para Reunião Mensal Julho 2017 – Pastoral Litúrgica


Acolhida:
Acolher com alegria quem chega, entregar o roteiro, os cantos e um cartãzinho em forma de folha verde onde pode-se escrever:


Ambiente:
Altar com forro verde, velas e a Palavra de Deus. Colocar próximo ao altar flores e plantas verdes.

Oração Inicial
Canto:
Deus, nosso Pai protetor,
dá-nos hoje um sinal de tua graça!
Por teu ungido, ó Senhor,
estejamos pra sempre em tua casa!

1. Ó Senhor, põe teu ouvido
bem aqui, pra me escutar.
Infeliz eu sou e pobre,
vem depressa me ajudar!
Teu amigo eu sou, tu sabes,
só em ti vou confiar.

2. Compaixão de mim, Senhor
Eu te chamo, noite e dia.
Vem me dar força e coragem
e aumentar minha alegria.
Eu te faço minha prece,
pois minh'alma em ti confia.

3. Tu és bom e compassivo
e a quem pede, dás perdão.
Dá ouvido a meus pedidos:
meu lamento é oração.
Na hora amarga eu te procuro,
sei que não te chamo em vão.

4. Não existe nenhum deus,
para contigo se igualar,
nem no mundo existe nada
que se possa comparar
às belezas que na terra
teu amor soube criar.


Invocação ao Espírito Santo

Vinde, ó Santo Espírito,
vinde, amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente.
Vinde, pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
  no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.
Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos e a todos salvai.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Vossos sete dons/ concedei à alma
do que em vós confia:
virtude na vida,
amparo na morte,
no céu alegria. Amen.

Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local. Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de julho)

Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor, recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.









Mantra/Aclamação
A Palavra está perto de ti, em tua boca, em teu coração!

Mateus 28, 16-20
16 Os onze discípulos foram para a Galiléia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante dele. Ainda assim, alguns duvidaram. 18 Então Jesus se aproximou, e falou: «Toda a autoridade foi dada a mim no céu e sobre a terra. 19 Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, 20 e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo.»


Preces:
Fazer um momento de preces espontâneas, depois de cada um pode-se cantar:
“A igreja vos pede oh Pai, Senhor nossa prece escutai.”

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso








Estudo de temas

Se o grupo for grande pode-se dividir em quatro grupos, se for menor escolham, pelo menos, dois temas de estudo. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste mês?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.



Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica
Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...



Oração Final

Nós vos agradecemos, Senhor,
e vos bendizemos, pois, muitas vezes e de modos diversos
falastes outrora aos pais pelos profetas;
agora, nestes últimos dias,
nos falastes por vosso Filho,
a fim de manifestar por ele a todos nós
as riquezas da vossa graça.
Tendo-nos reunido
para aprofundarmos as Escrituras,
suplicamos a vossa bondade
para que nos compenetremos
do conhecimento da vossa vontade
e nos façais produzir frutos de boas obras,
agradando-vos em todas as coisas.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Oração de benção
O Deus, Pai das misericórdias,
que enviou ao mundo a sua Palavra
e ensinou através do seu Espírito
toda a verdade,
nos faça arautos
do seu amor no mundo. Amém.

Despedida e abraço da Paz

Motivar todos a saudarem-se com abraço da paz.

Canto Final
1. Quero ouvir teu apelo, Senhor,
ao teu chamado de amor responder.
Na alegria te quero servir,
e anunciar o teu Reino de Amor!

E pelo mundo eu vou,
cantando teu amor,
pois disponível estou,
para servir-te Senhor! (Bis)

2. Dia a dia, tua graça me dás,
nela se apoia o meu caminhar.
Se estás a meu lado, Senhor,
o que, então, poderei eu temer?


Textos para o Estudo


Texto 1 – Grupo 1:

Tempo Comum É um tempo de espiritualidade sacramental.
Dom Eurico dos Santos Veloso

Como um rio que emerge e depois se oculta, após o Tempo do Natal e antes da Quaresma e, depois da Páscoa, temos o Tempo Comum. É nosso tempo de cotidianidade, da vida comum. Também nesse tempo, sem acontecimentos notáveis, o Espírito guia o povo de Deus.

O cotidiano é o chão de onde brota a espiritualidade do Tempo Comum. Um tempo que pode tornar-se espaço especial de graça, pois se encontra sob a custódia do Espírito que pousou sobre Jesus na festa do seu Batismo e que nos foi dado na solenidade de Pentecostes. É o Espírito nos conduzindo à comunhão da Trindade e à verdade plena, recordando-nos e ensinando-nos tudo o que o Senhor Jesus disse e fez.

É um tempo de espiritualidade sacramental.

Do décimo terceiro ao trigésimo primeiro domingo, Jesus empreende a demorada viagem para Jerusalém. É uma viagem teológica e de julgamento. Ele não julga nem condena, mas, a partir de suas ações e palavras, as pessoas se posicionam. “Quem não está comigo, está contra mim. Quem não recolhe comigo, espalha.”

São 33 ou 34 semanas em que evocamos o mistério de Cristo em sua plenitude, o que Cristo fez e disse para nossa salvação, sua pregação e os sinais, sua morte e ressurreição.

Durante o Tempo Comum, são celebradas quatro solenidades: Santíssima Trindade, Corpo e Sangue de Cristo, Sagrado Coração de Jesus e Cristo, Rei do Universo, que encerra o Tempo Comum, aprofundando a realeza de Cristo e a sua parusia, isto é, a segunda vinda de Jesus no final dos tempos.

A cor litúrgica é o verde, que simboliza a esperança. Dia após dia, o cristão converte-se e se conscientiza de seus deveres através da participação das celebrações dominicais.

Texto 2 – Grupo 2:
O Significado do Tempo Comum
Dom Orani João, Cardeal Tempesta

Na liturgia, celebramos a vida de Cristo desde as promessas do Messias: sua Encarnação no seio da Virgem Maria, passando pelo seu Nascimento, Paixão, Morte, Ressurreição até a sua Ascensão e a vinda do Espírito Santo. Mas enquanto civilmente se comemoram fatos passados que aconteceram uma vez e não acontecerão mais, (embora muitos desses fatos influenciem a nossa vida até os dias de hoje), no Ano Litúrgico, além da comemoração, vivemos na atualidade, no dia-a-dia de nossa vida todos os aspectos da salvação operada por Cristo. A celebração dos acontecimentos da Salvação é atualizada, tornada presente na vida atual dos crentes.
No Ano Litúrgico, a cada Natal é Cristo que nasce no meio das famílias humanas, é Cristo que sofre e morre na cruz na Semana Santa, é Cristo que ressuscita na Páscoa, é Cristo que derrama o Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pentecostes. De forma que, ao fazermos memória das atitudes e dos fatos ocorridos no passado, essas mesmas atitudes e fatos tornam-se presentes e atuantes hoje, no aqui e agora da vida.
O Ano Civil ocidental começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina no sábado anterior a ele. Podemos perceber, também, que o Ano Litúrgico está dividido em “Tempos Litúrgicos”. O Ano Litúrgico da Igreja é assim dividido: Advento, Tempo do Natal, Tempo Comum (1), Tempo Quaresmal, Tempo Pascal e Tempo Comum (2). Além dos tempos, que têm características próprias (Advento, Natal, Quaresma e Páscoa), restam no ciclo anual trinta e três ou trinta e quatro semanas nas quais são celebrados, na sua globalidade, os Mistérios de Cristo, que chamamos Tempo Comum durante o ano.
Com a semana que segue à Festa do Batismo de Jesus, inicia-se o chamado Tempo Comum do ano litúrgico. O Tempo Comum celebra o “mistério”, na sua globalidade. Realiza isso pela constante referência à Páscoa, que caracteriza os domingos, assim acompanhando e orientando o caminho pascal do povo de Deus, no seguimento de Jesus, rumo ao cumprimento da história.
O Tempo Comum pode nos levar a refletir sobre a espiritualidade desse tempo do ano e sobre o sentido do tempo como dom de Deus. Chama-se “tempo comum” para distinguir dos demais momentos. No Ano Litúrgico, como em nossa vida, existem tempos fortes de festa e tempos ordinários, comuns.
Mas, como fazer com que no Tempo Comum não caiamos em tempo de rotina? Primeiramente, devemos alimentar nossa vida naquela fonte rica dos tempos fortes que celebramos. Cristo quer encarnar-se cada dia através dos tempos.
Outra maneira de valorizar e superar a rotina do Tempo Comum é encontrar o extraordinário no comum. Como no Ano Litúrgico, em nossa vida nem sempre existem grandes acontecimentos. Importa aproveitarmos as menores coisas para aí detectarmos as coisas grandes, as realidades permanentes e eternas. Iluminados e fortificados pelo Espírito, podemos viver, na monotonia e na rotina do dia-a-dia, o mistério pascal de morte e vida. As grandes coisas que propusemos serão coisas grandes quando feitas com amor.
Atualmente, esse tempo na liturgia é dividido em 3 anos, com suas leituras próprias. O Tempo Comum nos leva a valorizar o tempo que Deus nos concede. Os grandes e os pequenos acontecimentos são percebidos no tempo e, por outro lado, os acontecimentos nos fazem perceber o tempo. O Tempo Comum nos convida a entrar no mistério das grandes pequenas coisas. É fácil deixar-se inebriar pelas grandes festas que costumam deixar uma gota de amargor. Difícil é fazer com que as pequenas coisas e pequenos acontecimentos se tornem eloquentes. O raiar do dia será cada novo dia se vivermos o seu significado, se for um encontro com o sol da vida, Jesus Cristo. O trabalho mais despretensioso e oculto será um evocar a maravilhosa capacidade do homem de dominar a terra, participando do poder criador do próprio Deus.
Que o Tempo Comum na experiência semanal da Páscoa pela celebração do Domingo nos proporcione mais tempo para a reflexão sobre as coisas mais ordinárias do dia-a-dia, levando-nos a descobrir e a viver os acontecimentos antes de tudo em nós mesmos. O Tempo Comum nos fará compreender que nossa vida espiritual é um processo lento e gradual.


Texto 3 – Grupo 3:
Tempo Comum
Dom Carmelo Scampa


É do nosso conhecimento que o Ano Litúrgico celebra, por etapas, o mistério de Cristo que vem, nasce, se manifesta, enfrenta a paixão e a morte, envia o Espírito, etc. Muito importante é não esquecer também outros aspectos da existência de Cristo, como por exemplo, os 30 anos de vida escondida em Nazaré, o caminho ordinário de Jesus. Tudo foi “evento de graça e de salvação”.

No Tempo ordinário do Ano litúrgico são colocados dois períodos – um mais breve e outro mais comprido – conhecidos mesmo como Tempo Comum. Falando de Tempo Comum, não significa falar de um Tempo inferior, sem qualificação, sem propostas e provocações, muito pelo contrário. É um tempo carregado de provocações fundamentais. Gostaria de evidenciar somente algumas dessas provocações, simplesmente como iluminação e sem a pretensão de aprofundá-las porque não é este o momento.

1. Em primeiro lugar, partindo da cor litúrgica do Tempo Comum, que é o verde, sublinho que é Tempo de ESPERANÇA e de ESPERA. ESPERANÇA com letras grandes mesmo, não de esperanças efêmeras, penúltimas, mas daquela Esperança que dá sentido aos sofrimentos do tempo presente, que abre o coração para a volta definitiva do Senhor e que faz gritar à Igreja, sobretudo no momento da celebração eucarística “vem Senhor Jesus”, Maranathá. A Esperança que não decepciona é fundamental recuperá-la na vida espiritual ordinária para não viver de ilusões, de frustrações e de esforços que claramente dizem que estamos construindo sobre a areia e não sobre a rocha.

2. O Tempo ordinário, ou Comum, evidencia também outro aspecto básico da vida cristã: “Vem e segue-me”. Portanto é um Tempo de seguimento e de discipulado do Senhor, conhecido mais profundamente nos seus gestos e palavras. Daí a fundamental importância das leituras bíblicas do lecionário que ajudam neste esforço de entrar no mistério de Cristo para seguir seus passos, seus exemplos, seus ensinamentos e desta forma se tornar discípulos dele. O trabalho é lento, meditativo, mas essencial para não viver uma vida cristã oca e de eventos que não deixam rastos e sinais verdadeiros de seguimento do Mestre.

3. Um terceiro ponto que me parece significativo é recuperar exatamente a importância do que é “comum”, “ordinário”. A vida de todos é feita de gestos e ações simples e despercebidas. É impressionante saber que dos 33 anos de vida de Cristo, 30 foram vividos no escondimento de Nazaré! Também aqueles 30 anos foram anos de salvação, foram “Kairós” e não simplesmente uma sequência cronológica de fato sem importância. A lei da encarnação evidencia a dimensão do que é “comum” na vida da pessoa e da história. O arroz e feijão de cada dia nos proporcionam o básico e o essencial para a sobrevivência. Naturalmente isso tudo deve ser objeto de catequese, de formação, de aprofundamento para não banalizar as provocações litúrgicas ou reduzi-las a ritos sem consequência e enriquecimento.

4 Um outro aspecto que merece atenção no Tempo Comum é o Domingo, a única festa que quebra o ritmo desse período. Normalmente neste Tempo não há celebrações significativas como nos demais Tempos do ano, mas o Domingo, Páscoa semanal do Senhor, é um ponto forte a ser recuperado na sua pureza e beleza. Há documentos da Igreja (veja São João Paulo II), além do Concilio Vaticano II, que falam detalhadamente sobre o Domingo, festa primordial que não pode ser substituída por nada. No Tempo Comum o Domingo brilha como uma pérola polida e que deve ser completamente valorizada. O que ritma a importância do Domingo é o lecionário, enriquecido com a reforma litúrgica. Se a gente não fica de olhos abertos, gradualmente vamos perder o sentido autêntico do “primeiro dia da semana” para substitui-lo com o “fim de semana”, dia de lazer e de passeio.
Trata-se somente de algumas provocações a serem aprofundadas para que a liturgia se torne vida, espiritualidade encarnada, animada pela esperança e o espírito de espera do Senhor que voltará.


Roteiro para Reunião Mensal Junho 2017 – Pastoral Litúrgica

Roteiro para Reunião Mensal Junho 2017 – Pastoral Litúrgica

Acolhida:
Receber a cada um com alegria, entregar as folhas com o roteiro e os cantos usados.

Ambiente:
Fotos e ilustrações das procissões, enfeites e em geral de celebrações de Corpus Chisti. Lugar para a Palavra. Fazer um caminho até o lugar da palavra de Deus e colocar as fotos e ilustrações no caminho.


Oração Inicial
Canto:

Vamos todos louvar juntos
o mistério do amor,
pois o preço deste mundo
foi o sangue redentor,
recebido de Maria,
que nos deu o Salvador.

Veio ao mundo por Maria,
foi por nós que ele nasceu.
Ensinou sua doutrina,
com os homens conviveu.
No final de sua vida,
um presente ele nos deu.

Observando a Lei mosaica,
se reuniu com os irmãos.
Era noite. Despedida.
Numa ceia:refeição.
Deu-se aos doze em alimento,
pelas suas próprias mãos.

A Palavra do Deus vivo
transformou o vinho e o pão
no seu sangue e no seu corpo
para a nossa salvação.
O milagre nós não vemos,
basta a fé no coração.

Tão sublime sacramento
adoremos neste altar,
pois o Antigo Testamento
deu ao Novo seu lugar.
Venha a fé por suplemento
os sentidos completar.

Ao Eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador.
Ao Espírito exaltemos,
na Trindade, eterno amor.
Ao Deus Uno e Trino demos
a alegria do louvor.

Invocação ao Espírito Santo

Oh vinde, Espírito Criador,
as nossas almas visitai
e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor,
do Deus excelso o dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.

A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.


Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local. Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de junho)

Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor, recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.










Mantra/Aclamação
O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão no Sangue do Senhor.

João 6, 51-58

51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. 52 A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? 53 Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.


Preces:
R. Felizes os convidados para a ceia do Senhor!

1 Cristo, Sacerdote da nova e eterna Aliança, que no altar da cruz oferecestes ao Pai um sacrifício perfeito,  ensinai-nos a oferecer convosco este sacrifício santo. R.
2 Cristo, rei de paz e de justiça, que consagrastes o pão e o vinho como sinais da vossa oferenda,  associai-nos ao vosso sacrifício, como oferenda agradável a Deus Pai. R.
3 Cristo, verdadeiro adorador do Pai, que do nascer ao pôr do sol sois oferecido pela Igreja como uma oblação pura,   congregai na unidade do vosso corpo os que saciais com o mesmo pão. R.
4 Cristo, maná descido do céu, que alimentais a Igreja com o vosso corpo e o vosso sangue,   fortificai-a na caminhada para o Pai. R.
5 Cristo, que estais à porta e bateis,   entrai e vinde sentar à nossa mesa. R.

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso


Estudo de temas

Se o grupo for grande pode-se dividir em quatro grupos, se for menor escolham, pelo menos, dois temas de estudo. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste mês?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.

Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica

Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...


Oração Final

Canto:
1. Eu sou o pão do amor vivo/ Que desceu do céu / Não morrerá jamais/ Quem dele comer/ Pois terá a vida eterna
Presença real,/ Não é mais pão/ É o corpo de Jesus / Que se entregou por nós na cruz/ É presença real / Presença real,/ Não é mais vinho/ É o sangue do Senhor / É o mandamento do amor/ É presença real
2. Meu corpo e também meu sangue é isto/ Que é dado por vós / E será perdão/ Para todo o pecado/ Eis a nova aliança
3. E aquele que vem a mim livre/ Também vai ao Pai / E viverá feliz/ No Espírito Santo/ No projeto de Deus
4. Viver no amor e na paz de Cristo/ É a nossa missão / Não temerá jamais/ Quem a vida doar/ Em favor dos irmãos

Oração de Benção
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal  e nos conduza à vida eterna. Amém.

Despedida e abraço da Paz

Motivar todos a saudarem-se com abraço da paz.



Textos para o Estudo


Texto 1 – Grupo 1: Ecclesia de Eucharistia

1. A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.
O Concílio Vaticano II justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é « fonte e centro de toda a vida cristã ».(1)Com efeito, « na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo ».(2) Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.

3. Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos do Apóstolos: « Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações » (2, 42). Na « fração do pão », é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas. De fato, a instituição da Eucaristia antecipava, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar da agonia no Getsémani. Revemos Jesus que sai do Cenáculo, desce com os discípulos, atravessa a torrente do Cedron e chega ao Horto das Oliveiras. Existem ainda hoje naquele lugar algumas oliveiras muito antigas; talvez tenham sido testemunhas do que aconteceu junto delas naquela noite, quando Cristo, em oração, sentiu uma angústia mortal « e o seu suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra » (Lc 22, 44). O sangue que, pouco antes, tinha entregue à Igreja como vinho de salvação no sacramento eucarístico, começava a ser derramado; a sua efusão completar-se-ia depois no Gólgota, tornando-se o instrumento da nossa redenção: « Cristo, vindo como Sumo Sacerdote dos bens futuros [...] entrou uma só vez no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, tendo obtido uma redenção eterna » (Heb 9, 11-12).

11. « O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue » (1 Cor 11, 23), instituiu o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue. As palavras do apóstolo Paulo recordam-nos as circunstâncias dramáticas em que nasceu a Eucaristia. Esta tem indelevelmente inscrito nela o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos.(9) Esta verdade está claramente expressa nas palavras com que o povo, no rito latino, responde à proclamação « mistério da fé » feita pelo sacerdote: « Anunciamos, Senhor, a vossa morte ».
A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque dom d'Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação. Esta não fica circunscrita no passado, pois « tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente ».(10)
Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e « realiza-se também a obra da nossa redenção ».(11) Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do género humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes. Assim cada fiel pode tomar parte nela, alimentando-se dos seus frutos inexauríveis. Esta é a fé que as gerações cristãs viveram ao longo dos séculos, e que o magistério da Igreja tem continuamente reafirmado com jubilosa gratidão por dom tão inestimável.(12) É esta verdade que desejo recordar mais uma vez, colocando-me convosco, meus queridos irmãos e irmãs, em adoração diante deste Mistério: mistério grande, mistério de misericórdia. Que mais poderia Jesus ter feito por nós? Verdadeiramente, na Eucaristia demonstra-nos um amor levado até ao « extremo » (cf. Jo 13, 1), um amor sem medida.



Texto 2 – Grupo 2: Carta apostólica Dominicæ Cenæ (24 de Fevereiro de 1980)


Eucaristia e Igreja

4. Graças ao Concílio nós demo-nos conta, com vigor renovado, desta verdade: assim como a Igreja "faz a Eucaristia", assim "a Eucaristia constrói" a Igreja (16); e esta verdade anda intimamente ligada ao mistério da Quinta-Feira Santa. A Igreja foi fundada, como comunidade nova do Povo de Deus, na comunidade apostólica daqueles Doze que, durante a última Ceia, se tornaram participantes do Corpo e do Sangue do Senhor sob as Espécies do pão e do vinho. Cristo tinha-lhes dito: "tomai e comei...", "tomai e bebei...". E eles, cumprindo esta Sua ordem, entraram, pela primeira vez, em comunhão sacramental com o Filho de Deus, comunhão que é penhor de vida eterna. E a partir daquele momento até ao fim dos séculos, a Igreja constrói-se mediante a mesma comunhão como Filho de Deus, que é penhor de Páscoa eterna.
No entanto, a Igreja não se realiza somente mediante o fato da união entre os homens, através da experiência da fraternidade, a que dá ocasião o banquete eucarístico. A Igreja realiza-se quando naquela fraterna união e comunhão celebramos o sacrifício da Cruz de Cristo, quando anunciamos "a morte do Senhor até que Ele venha" (17); e, depois, quando profundamente compenetrados do mistério da nossa Salvação, nos aproximamos comunitariamente da mesa do Senhor, para alimentar-nos, de modo sacramental, dos frutos do Santo Sacrifício propiciatório. Na Comunhão eucarística, pois, recebemos Cristo, o próprio Cristo; a nossa união com Ele, que é dom e graça para cada um de nós, faz com que n'Ele sejamos também associados à unidade do seu Corpo que é a Igreja.
Só assim, mediante uma tal fé e uma tal disposição de alma, se torna realidade aquela construção da Igreja, que, conforme a conhecida expressão do II Concílio do Vaticano, tem na Santíssima Eucaristia a sua "fonte e ápice" (18).
Esta verdade, que graças ao mesmo Concílio, tem vindo a conhecer um novo e vigoroso relevo (19), deve ser tema frequente das nossas reflexões e do nosso ensino. Dela se alimente toda a actividade pastoral, e que ela seja sustento para nós próprios e para todos os Sacerdotes que colaboram connosco, e enfim para as inteiras comunidades que nos estão confiadas. Assim, nesta prática há-de revelar-se, quase a cada passo, aquela íntima relação existente entre a vitalidade espiritual e apostólica da Igreja e a Eucaristia, entendida no seu significado profundo e sob todos os pontos de vista (20).

Eucaristia e Caridade

A Eucaristia significa esta caridade, e por isso a recorda, a toma presente e ao mesmo tempo a realiza. Todas as vezes que nela participamos de modo consciente, abre-se na nossa alma uma dimensão real daquele amor imperscrutável que em si contém tudo aquilo que Deus fez para nós homens, e que continuamente faz, segundo as palavras de Cristo: "O meu Pai opera sempre e também eu opero" (21). Juntamente com este dom insondável e gratuito, que é a caridade revelada, até ao extremo, no sacrifício salvífico do Filho de Deus, de que a Eucaristia é sinal indelével, nasce também em nós uma resposta de amor. Não só conhecemos o amor, mas também nós próprios começarmos a amar. Nós entramos, por assim dizer, no caminho do amor e por este caminho fazemos progressos. O amor que em nós nasce da Eucaristia, também em nós se desenvolve, se aprofunda e se reforça, graças a ela.
O culto eucarístico, pois, é exatamente expressão de um tal amor, que é a autêntica e mais profunda característica da vocação cristã. Este culto brota do amor e serve ao amor, para o qual todos nós somos chamados em Jesus Cristo (22). É fruto vivo deste mesmo culto é o aperfeiçoamento da imagem de Deus que trazemos em nós, imagem que corresponde àquela que Cristo nos revelou. Tornando-nos assim "adoradores do Pai em espírito e em verdade" (23), nós maturamos numa cada vez mais plena união com Cristo, estamos mais unidos a Ele e — se é permitido usar esta expressão — estamos cada vez mais solidários com Ele.
A doutrina da Eucaristia, sinal da unidade e vínculo da caridade, ensinada por São Paulo (24), foi em seguida aprofundada pelos escritos de muitos Santos, que são para nós um exemplo vivo do culto eucarístico. Devemos ter sempre diante dos olhos esta realidade e, ao mesmo tempo, devemos esforçar-nos continuamente por fazer com que também a nossa geração ajunte àqueles maravilhosos exemplos do passado, exemplos novos, não menos vivos e eloquentes, em que se reflicta a época à qual nós pertencemos.


Texto 3 – Grupo 3: Carta apostólica Dominicæ Cenæ (24 de Fevereiro de 1980)

Eucaristia e Próximo

6. O autêntico sentido da Eucaristia torna-se, de per si, escola de amor activo para com o próximo. Nós sabemos que é assim a ordem verdadeira e integral do amor que o Senhor nos ensinou: "nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros" (25). E a Eucaristia educa-nos para este amor de maneira mais profunda; ela demonstra, de facto, qual o valor que têm aos olhos de Deus todos os homens, nossos irmãos e irmãs, uma vez que Cristo se oferece a Si mesmo de igual modo a cada um deles, sob as Espécies do pão e do vinho. Se o nosso culto eucarístico for autêntico, deve fazer crescer em nós a consciencialização da dignidade de todos e de cada um dos homens. A consciência dessa dignidade, depois, torna-se o motivo mais profundo da nossa relação com o próximo.

Devemos também tornar-nos particularmente sensíveis a todos os sofrimentos e misérias humanas, a todas as injustiças e arbitrariedades, buscando a maneira de a isso remediar de forma eficaz. Aprendamos a descobrir com respeito a verdade sobre o homem interior, porque é precisamente esse íntimo do homem que se torna morada de Deus presente na Eucaristia. Cristo vem aos corações e visita as consciências dos nossos irmãos e irmãs. Como se modifica a imagem de todos e de cada um dos homens, quando tomamos consciência desta realidade, quando a tornamos objecto das nossas reflexões! O sentido do Mistério eucarístico impele-nos ao amor para com o próximo, ao amor para com todos e cada um dos homens (26).

Eucaristia e Vida

7. Sendo portanto fonte de caridade, a Eucaristia esteve sempre no centro da vida dos discípulos de Cristo. Ela tem o aspecto de pão e de vinho, ou seja, de comida e de bebida, e por isso é tão familiar para o homem, conexa de modo tão íntimo com a sua vida, como o são precisamente a comida e a bebida. A veneração de Deus que é Amor, no culto eucarístico nasce daquela espécie de intimidade com que Ele próprio, analogamente à comida e à bebida, enche o nosso ser espiritual, assegurando-lhe, de modo semelhante àquelas, a vida. Tal veneração "eucarística" de Deus corresponde estritamente, portanto, aos seus planos salvíficos. Ele mesmo, o Pai, quer que "os verdadeiros adoradores" (27), O adorem precisamente assim; e Cristo é intérprete desse querer; e isso, com as suas palavras e, simultaneamente, com este Sacramento, no qual nos torna possível a adoração do Pai, da maneira mais conforme com a Sua vontade.

De um conceito assim do culto eucarístico se origina, depois, todo o estilo sacramental da vida do cristão. Efectivamente, o levar uma vida baseada nos Sacramentos, animada pelo sacerdócio comum, quer dizer antes de mais nada, da parte do cristão, o desejar que Deus aja nele para o fazer chegar no Espírito "à plena estatura de Cristo" (28). E Deus, da Sua parte, não o toca somente através dos acontecimentos e com a sua graça interna, mas age nele, com maior certeza e vigor, através dos Sacramentos. Estes conferem à vida do cristão um estilo sacramental.

Pois bem: dentre todos os Sacramentos, é a Santíssima Eucaristia que faz chegar à plenitude a sua iniciação de cristão e que confere ao exercício do sacerdócio comum esta forma sacramental e eclesial que o põe em conexão — como já aludi em precedência (29) — com o exercício do Sacerdócio ministerial. Deste modo, o culto eucarístico é centro e fim de toda a vida sacramental (30). Repercutem continuamente nele, com um eco profundo, os Sacramentos da iniciação cristã: Baptismo e Confirmação. Onde é que se expressa melhor a verdade de não somente "nos chamarmos", mas também de que "realmente o somos, filhos de Deus" (31), em virtude do sacramento do Baptismo, senão no facto precisamente de que na Eucaristia nos tornamos participantes do Corpo e do Sangue do unigénito Filho de Deus? E o que é que melhor nos predispõe para sermos "verdadeiras testemunhas de Cristo" (32), perante o mundo, como há-de resultar do sacramento da Confirmação, senão a Comunhão eucarística, em que Cristo Se nos dá em testemunho a nós e nós damos testemunho d'Ele?



Texto 4 – Grupo 4: Catecismo da Igreja Católica 1324 a 1332


I. A Eucaristia – fonte e cume da vida eclesial

1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (146). «Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa» (147).
1325. «A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é o que é, são significados e realizados pela Eucaristia. Nela se encontra o cume, ao mesmo tempo, da acção pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai» (148).
1326. Enfim, pela celebração eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando «Deus for tudo em todos» (1 Cor 15, 18 ).
1327. Em síntese, a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé: «A nossa maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia: e, por sua vez, a Eucaristia confirma a nossa maneira de pensar» (149).

II. Como se chama este sacramento?

1328. A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diferentes nomes que lhe são dados. Cada um destes nomes evoca alguns dos seus aspectos. Chama-se:
Eucaristia, porque é acção de graças a Deus. As palavras« eucharistein» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24) e «eulogein» (Mt 26, 26; Mc 14, 22) lembram as bênçãos judaicas que proclamam – sobretudo durante a refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
1329. Ceia do Senhor (150), porque se trata da ceia que o Senhor comeu com os discípulos na véspera da sua paixão e da antecipação do banquete nupcial do Cordeiro (151) na Jerusalém celeste.
Fracção do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família (152), sobretudo aquando da última ceia (153) . É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da sua ressurreição (154) e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas (155). Querem com isso significar que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com Ele e formam um só corpo n'Ele (156).
Assembleia eucarística («sýnaxis»), porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da Igreja (157).
1330. Memorial da paixão e ressurreição do Senhor. Santo Sacrifício, porque actualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou ainda santo Sacrifício da Missa, «Sacrifício de louvor» (Heb 13, 15) (158), Sacrifício espiritual (159) Sacrifício puro (160) e santo, pois completa e ultrapassa todos os sacrifícios da Antiga Aliança.
Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra o seu centro e a sua expressão mais densa na celebração deste sacramento; no mesmo sentido se lhe chama também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se igualmente do Santíssimo Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies eucarísticas guardadas no sacrário.
1331. Comunhão, pois é por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes do seu corpo e do seu sangue, para formarmos um só corpo (161); chama-se ainda as coisas santas («tà hágia»; «sancta») (162) – é o sentido primário da «comunhão dos santos» de que fala o Símbolo dos Apóstolos – , pão dos anjos, pão do céu, remédio da imortalidade (163), viático...

1332. Santa Missa, porque a liturgia em que se realiza o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis («missio»), para que vão cumprir a vontade de Deus na sua vida quotidiana.

Roteiro para Reunião Mensal da Pastoral Litúrgica – Equipes de Liturgia – Fevereiro/Março de 2017 – Pastoral Litúrgica

(preparar com bastante antecedência folhas secas, se possível fazê-las secar num forno. Escolher folhas que, quando secas, se desmanchem facilmente. Preparar também um pouco de cinza, de preferência feita com ramos usados no domingo de ramos do ano anterior. Preparar também um pequeno pilão para triturar as folhas. Também jarro com água, bacia, sabão e toalhas para enxugar as mãos.)



Acolhida:
Acolher a cada pessoa que chega com alegria e entregar uma das folhas secas.


Ambiente:
Preparar um lugar para colocar a Palavra de Deus, imagens que relembrem a quaresma, a campanha da fraternidade de 2017 e as celebrações penitenciais feitas na comunidade.



1. Oração Inicial
Canto:
Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação.   Ao Pai voltemos, junto andemos. Eis  o  tempo  de  conversão!
1. Os caminhos do Senhor são verdade, são amor. / Dirigi os passos meus; em vós espero, ó Senhor! Ele guia ao bom caminho/ quem errou e quer voltar; / ele é bom, fiel e justo. / Ele busca e vem salvar.
2. Viverei com o Senhor. / Ele é o meu sustento. / Eu confio mesmo quando/ minha dor não mais agüento. Tem valor aos olhos seus/ meu sofrer e meu morrer. / Libertai o vosso servo/ e fazei-o reviver!


Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz / Onde houver ódio, que eu leve o amor / Onde houver ofensa, que eu leve o perdão / Onde houver discórdia, que eu leve a união / Onde houver dúvida, que eu leve a fé / Onde houver erro, que eu leve a verdade / Onde houver desespero, que eu leve a esperança / Onde houver tristeza, que eu leve a alegria / Onde houver trevas, que eu leve a luz. /  / Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado / Compreender do que ser compreendido / Amar que ser amado / Pois, é dando que se recebe / É perdoando que se é perdoado; / E morrendo que se vive / Para a vida eterna


Acolhida:
(Quem coordena convida cada um a acolher com alegria quem estão ao lado)
Pode-se cantar:
Só porque você veio é festa no céu é festa aqui.
Com um aperto de mão , um abraço apertado, um sorriso bem largo. Vamos louvar ao Senhor ele está aqui ele está ao seu lado.


Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local. Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de fevereiro/março)

Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor, recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.


Refrão/Aclamação
A Palavra está perto de ti. Em tua boca, em Teu coração.

Proclamação do texto Bíblico

São Mateus 6,1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
1'Ficai atentos
para não praticar a vossa justiça na frente dos homens,
só para serdes vistos por eles.
Caso contrário, não recebereis a recompensa
do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola,
não toques a trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem elogiados pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
3Ao contrário, quando deres esmola,
que a tua mão esquerda nóo saiba
o que faz a tua mão direita,
4de modo que, a tua esmola fique oculta.
E o teu Pai, que vê o que está oculto,
te dará a recompensa.
5Quando orardes,
não sejais como os hipócritas,
que gostam de rezar em pé,
nas sinagogas e nas esquinas das praças,
para serem vistos pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
6Ao contrário, quando tu orares,
entra no teu quarto, fecha a porta,
e reza ao teu Pai que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
16Quando jejuardes,
não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas.
Eles desfiguram o rosto,
para que os homens vejam que estão jejuando.
Em verdade vos digo:
Eles já receberam a sua recompensa.
17Tu, porém, quando jejuares,
perfuma a cabeça e lava o rosto,
18para que os homens não vejam
que tu estás jejuando,
mas somente teu Pai, que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
Palavra da Salvação.

(Depois da proclamação todos são convidados a se assentar e a Palavra é proclamada mais uma vez. Após um momento de silêncio cada um é convidado a repetir um trecho significativo.)

Preces:
Fazer um momento de preces espontâneas, depois de cada um pode-se cantar:
“A igreja vos pede oh Pai, Senhor nossa prece escutai.”

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso


2. Vivência: Cinzas

1. Motivação
(Quem preside motiva cada um a pensar sobre as próprias fragilidades, faltas e pecados que precisam ser corrigidos. Representando o desejo de se livrar das próprias faltas, enquanto se reza o salmo, cada um deve se aproximar do pilão triturar a própria folhinha e amassá-la como pilão.)

2. Salmo 50
Refrão: Piedade, Ó Senhor, Tende piedade, Pois pecamos contra vós!
1. Tende piedade, / Ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Do meu pecado, todo inteiro, me lavai / E apagai completamente a minha culpa.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / O meu pecado está sempre à minha frente, / Foi contra vós, só contra vós que eu pequei / E pratiquei o que é mau aos vosso olhos!
3. Criai em mim um coração que seja puro, / Dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / Nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
4. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / E confirmai-me com espírito generoso! / Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar / E minha boca anunciará vosso louvor!

3. Cinzas
Quem preside mistura as cinzas no pó das folhas trituradas e diz o convite e a oração de benção:

Irmãos caríssimos: Oremos fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne abençoar com a abundância da sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, em sinal de penitência.

E depois de alguns momentos de oração em silêncio, diz a oração:

Senhor nosso Deus, que Vos compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele que se arrepende, ouvi misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa bênção sobre os vossos servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à observância quaresmal, mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do mistério pascal do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Em seguida quem preside faz a cruz em uma pessoa e diz: Convertei-vos e crede no evangelho! Esta pessoa, por sua vez, faz o mesmo com outra pessoa. E assim por diante até que todos possam fazer o gesto.

Enquanto o festo é feito pode-se cantar num volume de voz baixo:

Pecador agora é tempo

4. Encerramento
Quem preside faz a oração que segue, encerrando o recorte do rito:

Deus de infinita bondade, que não desejais a morte do pecador mas a sua conversão, ouvi misericordiosamente as nossas súplicas e dignai-Vos abençoar estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, para que, reconhecendo que somos pó da terra e à terra havemos de voltar, alcancemos, pelo fervor da observância quaresmal, o perdão dos pecados e uma vida nova à imagem do vosso Filho ressuscitado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.


5. Partilha sobre a Vivência

1. Como foi vivenciar o rito?
2. O que faltou?
3. Como ajudar a Assembléia a vivenciar melhor o rito na quarta feira de Cinzas?



3. Estudo de temas
Se o grupo for grande pode-se dividir em três grupos. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste mês?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.

3. Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica
Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...



4. Oração Final
Oração da Campanha da Franternidade 2017

Deus, nosso Pai e Senhor,
nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade.

Criastes o universo com sabedoria
e o entregastes em nossas frágeis mãos
para que dele cuidemos com carinho e amor.

Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela
Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil,
o desejo e o empenho de cuidar mais e mais
da vida das pessoas,
e da beleza e riqueza da criação,
alimentando o sonho do novo céu e da nova terra
que prometestes.

Amém!


Despedida e abraço da Paz

Motivar cada um a escolher uma pessoa, ajudá-la a lavar as mãos e saudar com um abraço da paz.


Canto Final
Verdade vos libertará. Libertará (bis)
Não temais os que matam o corpo Não temais os que armam ciladas Não temais os que vos caluniam Nem aqueles que portam espadas Não temais os que tudo deturpam pra não ver a justiça vencer Tende medo somente do medo De quem mente pra sobreviver Tende medo somente do medo De quem mente pra sobreviver
A Verdade vos libertará. Libertará A verdade vos libertará, libertará
Não temais os que vos ameaçam Com a morte ou com difamação Não temais os poderes que passam -Eles tremem de armas na mão Não temais os que ditam as regras Na certeza de nunca perder Tende medo somente do medo De quem cala ou finge não ver Tende medo somente do medo De quem cala ou finge não ver
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos libertará, libertará
Não temais os que gritam nas praças Que está tudo perfeito e correto Não temais os que afirmam de graça Que vós nada trazeis de concreto Não temais o papel de profetas Que o papel do profeta é falar Tende medo somente do medo De quem acha melhor não cantar Tende medo somente do medo De quem acha melhor não cantar
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos libertará, libertará


Textos para o Estudo

Pode-se dividir em três grupos e cada grupo lê a introdução da mensagem e um ponto. Ou todos os grupos podem ser a mensagem completa.


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2017

A Palavra é um dom. O outro é um dom

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão.

1. O outro é um dom

A parábola inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre: encontra-se numa condição desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o quadro é sombrio, com o homem degradado e humilhado.

A cena revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda». Não se trata duma pessoa anónima; antes, tem traços muito concretos e aparece como um indivíduo a quem podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto Lázaro é como que invisível para o rico, a nossos olhos aparece como um ser conhecido e quase de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um dom, uma riqueza inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, apesar da sua condição concreta ser a duma escória humana (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida. O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho. Cada vida que se cruza connosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas, para se poder fazer isto, é necessário tomar a sério também aquilo que o Evangelho nos revela a propósito do homem rico.

2. O pecado cega-nos

A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas como «rico». A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um luxo exagerado, que usa. De facto, a púrpura era muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9) e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho especial que ajudava a conferir à posição da pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf. Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).

O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.

Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).

O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação.

Olhando para esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).

3. A Palavra é um dom

O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).

Também o nosso olhar se abre para o Além, onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a quem trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando mostras de fazer parte do povo de Deus. Este detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida, porque até agora nada se disse da sua relação com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia lugar para Deus, sendo ele mesmo o seu único deus.

Só no meio dos tormentos do Além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse os seus sofrimentos com um pouco de água. Os gestos solicitados a Lázaro são semelhantes aos que o rico poderia ter feito, mas nunca fez. Abraão, porém, explica-lhe: «Recebeste os teus bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado» (v. 25). No Além, restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo bem.

Mas a parábola continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos. De facto o rico, que ainda tem irmãos vivos, pede a Abraão que mande Lázaro avisá-los; mas Abraão respondeu: «Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam» (v. 29). E, à sucessiva objeção do rico, acrescenta: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos» (v. 31).

Deste modo se patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.

Amados irmãos e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor – que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.

Vaticano, 18 de outubro – Festa do Evangelista São Lucas – de 2016.