(preparar com bastante antecedência folhas secas, se possível fazê-las
secar num forno. Escolher folhas que, quando secas, se desmanchem facilmente.
Preparar também um pouco de cinza, de preferência feita com ramos usados no
domingo de ramos do ano anterior. Preparar também um pequeno pilão para
triturar as folhas. Também jarro com água, bacia, sabão e toalhas para enxugar
as mãos.)
Acolhida:
Acolher a cada pessoa que chega
com alegria e entregar uma das folhas secas.
Ambiente:
Preparar um lugar para colocar a
Palavra de Deus, imagens que relembrem a quaresma, a campanha da fraternidade
de 2017 e as celebrações penitenciais feitas na comunidade.
1. Oração Inicial
Canto:
Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação. Ao Pai voltemos, junto andemos. Eis o
tempo de conversão!
1. Os caminhos do Senhor são
verdade, são amor. / Dirigi os passos meus; em vós espero, ó Senhor! Ele guia
ao bom caminho/ quem errou e quer voltar; / ele é bom, fiel e justo. / Ele
busca e vem salvar.
2. Viverei com o Senhor. / Ele é
o meu sustento. / Eu confio mesmo quando/ minha dor não mais agüento. Tem valor
aos olhos seus/ meu sofrer e meu morrer. / Libertai o vosso servo/ e fazei-o
reviver!
Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz / Onde houver ódio, que
eu leve o amor / Onde houver ofensa, que eu leve o perdão / Onde houver
discórdia, que eu leve a união / Onde houver dúvida, que eu leve a fé / Onde
houver erro, que eu leve a verdade / Onde houver desespero, que eu leve a
esperança / Onde houver tristeza, que eu leve a alegria / Onde houver trevas,
que eu leve a luz. / / Ó mestre, fazei
que eu procure mais consolar do que ser consolado / Compreender do que ser
compreendido / Amar que ser amado / Pois, é dando que se recebe / É perdoando
que se é perdoado; / E morrendo que se vive / Para a vida eterna
Acolhida:
(Quem coordena convida cada um a acolher com alegria quem estão ao
lado)
Pode-se cantar:
Só porque você veio é festa no céu é festa aqui.
Com um aperto de mão , um abraço
apertado, um sorriso bem largo. Vamos louvar ao Senhor ele está aqui ele está
ao seu lado.
Recordação da vida
(Recordar em especial os
acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local.
Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de fevereiro/março)
Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor,
recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.
Refrão/Aclamação
A Palavra está perto de ti. Em tua boca, em Teu coração.
Proclamação do texto Bíblico
São Mateus 6,1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
1'Ficai atentos
para não praticar a vossa justiça na frente dos homens,
só para serdes vistos por eles.
Caso contrário, não recebereis a recompensa
do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola,
não toques a trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem elogiados pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
3Ao contrário, quando deres esmola,
que a tua mão esquerda nóo saiba
o que faz a tua mão direita,
4de modo que, a tua esmola fique oculta.
E o teu Pai, que vê o que está oculto,
te dará a recompensa.
5Quando orardes,
não sejais como os hipócritas,
que gostam de rezar em pé,
nas sinagogas e nas esquinas das praças,
para serem vistos pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
6Ao contrário, quando tu orares,
entra no teu quarto, fecha a porta,
e reza ao teu Pai que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
16Quando jejuardes,
não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas.
Eles desfiguram o rosto,
para que os homens vejam que estão jejuando.
Em verdade vos digo:
Eles já receberam a sua recompensa.
17Tu, porém, quando jejuares,
perfuma a cabeça e lava o rosto,
18para que os homens não vejam
que tu estás jejuando,
mas somente teu Pai, que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
Palavra da Salvação.
(Depois da proclamação todos são convidados a se assentar e a Palavra é
proclamada mais uma vez. Após um momento de silêncio cada um é convidado a
repetir um trecho significativo.)
Preces:
Fazer um momento de preces
espontâneas, depois de cada um pode-se cantar:
“A igreja vos pede oh Pai, Senhor nossa prece escutai.”
Encerra-se o momento das preces
rezando o Pai Nosso
2. Vivência: Cinzas
1. Motivação
(Quem preside motiva cada um a pensar sobre as próprias fragilidades,
faltas e pecados que precisam ser corrigidos. Representando o desejo de se
livrar das próprias faltas, enquanto se reza o salmo, cada um deve se aproximar
do pilão triturar a própria folhinha e amassá-la como pilão.)
2. Salmo 50
Refrão: Piedade, Ó Senhor,
Tende piedade, Pois pecamos contra vós!
1. Tende piedade, / Ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de
vosso amor, purificai-me! / Do meu pecado, todo inteiro, me lavai / E apagai
completamente a minha culpa.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / O meu pecado está
sempre à minha frente, / Foi contra vós, só contra vós que eu pequei / E
pratiquei o que é mau aos vosso olhos!
3. Criai em mim um coração que seja puro, / Dai-me de novo um
espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / Nem retireis de
mim o vosso Santo Espírito!
4. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / E confirmai-me com
espírito generoso! / Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar / E minha boca
anunciará vosso louvor!
3. Cinzas
Quem preside mistura as cinzas no pó das folhas trituradas e diz o
convite e a oração de benção:
Irmãos caríssimos: Oremos
fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne abençoar com a abundância da
sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, em sinal de
penitência.
E depois de alguns momentos de oração em silêncio, diz a oração:
Senhor nosso Deus, que Vos
compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele que se arrepende, ouvi
misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa bênção sobre os vossos
servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à observância quaresmal,
mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do mistério pascal do vosso
Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito
Santo.
Em seguida quem preside faz a cruz em uma pessoa e diz: Convertei-vos e crede no evangelho! Esta
pessoa, por sua vez, faz o mesmo com outra pessoa. E assim por diante até que
todos possam fazer o gesto.
Enquanto o festo é feito pode-se cantar num volume de voz baixo:
Pecador agora é tempo
4. Encerramento
Quem preside faz a oração que segue, encerrando o recorte do rito:
Deus de infinita bondade, que não
desejais a morte do pecador mas a sua conversão, ouvi misericordiosamente as
nossas súplicas e dignai-Vos abençoar estas cinzas que vamos impor sobre as
nossas cabeças, para que, reconhecendo que somos pó da terra e à terra havemos
de voltar, alcancemos, pelo fervor da observância quaresmal, o perdão dos
pecados e uma vida nova à imagem do vosso Filho ressuscitado, Nosso Senhor
Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.
5. Partilha sobre a Vivência
1. Como foi vivenciar o rito?
2. O que faltou?
3. Como ajudar a Assembléia a
vivenciar melhor o rito na quarta feira de Cinzas?
3. Estudo de temas
Se o grupo for grande pode-se
dividir em três grupos. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e
responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais
importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com
nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para
relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste
mês?
Faz-se uma apresentação de cada
grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas
pela Pastoral Litúrgica como um todo.
3. Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica
Ver as questões a serem
encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração,
etc...
4. Oração Final
Oração da Campanha da
Franternidade 2017
Deus, nosso Pai e Senhor,
nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade.
Criastes o universo com sabedoria
e o entregastes em nossas frágeis
mãos
para que dele cuidemos com
carinho e amor.
Ajudai-nos a ser responsáveis e
zelosos pela
Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil,
o desejo e o empenho de cuidar
mais e mais
da vida das pessoas,
e da beleza e riqueza da criação,
alimentando o sonho do novo céu e
da nova terra
que prometestes.
Amém!
Despedida e abraço da Paz
Motivar cada um a escolher uma
pessoa, ajudá-la a lavar as mãos e saudar com um abraço da paz.
Canto Final
Verdade vos libertará. Libertará (bis)
Não temais os que matam o
corpo Não temais os que armam ciladas Não temais os que vos caluniam Nem
aqueles que portam espadas Não temais os que tudo deturpam pra não ver a
justiça vencer Tende medo somente do medo De quem mente pra sobreviver Tende
medo somente do medo De quem mente pra sobreviver
A Verdade vos libertará. Libertará A verdade vos
libertará, libertará
Não temais os que vos ameaçam
Com a morte ou com difamação Não temais os poderes que passam -Eles tremem de
armas na mão Não temais os que ditam as regras Na certeza de nunca perder Tende
medo somente do medo De quem cala ou finge não ver Tende medo somente do medo
De quem cala ou finge não ver
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos
libertará, libertará
Não temais os que gritam nas
praças Que está tudo perfeito e correto Não temais os que afirmam de graça Que
vós nada trazeis de concreto Não temais o papel de profetas Que o papel do
profeta é falar Tende medo somente do medo De quem acha melhor não cantar Tende
medo somente do medo De quem acha melhor não cantar
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos
libertará, libertará
Textos para o Estudo
Pode-se dividir em três grupos e cada grupo lê a introdução da mensagem
e um ponto. Ou todos os grupos podem ser a mensagem completa.
MENSAGEM DO
PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2017
A Palavra é um
dom. O outro é um dom
Amados irmãos
e irmãs!
A Quaresma é
um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de
Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos
dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus
«de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas
crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona,
pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e,
com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa,
8 de janeiro de 2016).
A Quaresma é o
momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios
santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo
isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com
maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola
do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por
esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos
de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos
a uma sincera conversão.
1. O outro é
um dom
A parábola
inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece
descrito de forma mais detalhada é o pobre: encontra-se numa condição
desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de
comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os
cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o quadro é sombrio, com o homem
degradado e humilhado.
A cena
revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama
Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda». Não
se trata duma pessoa anónima; antes, tem traços muito concretos e aparece como
um indivíduo a quem podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto Lázaro é
como que invisível para o rico, a nossos olhos aparece como um ser conhecido e
quase de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um dom, uma riqueza
inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, apesar da sua condição
concreta ser a duma escória humana (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de
2016).
Lázaro
ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em
reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um
empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida. O primeiro
convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao
outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre
desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada
necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no
próprio caminho. Cada vida que se cruza connosco é um dom e merece aceitação,
respeito, amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a
vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas, para se poder fazer isto, é
necessário tomar a sério também aquilo que o Evangelho nos revela a propósito
do homem rico.
2. O pecado
cega-nos
A parábola põe
em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este
personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas
como «rico». A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um luxo exagerado, que
usa. De facto, a púrpura era muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e
por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9) e os reis (cf. Jz 8, 26). O
linho fino era um linho especial que ajudava a conferir à posição da pessoa um
caráter quase sagrado. Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive
porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v.
19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em
três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf.
Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).
O apóstolo
Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10).
Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e
suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um
ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 55). Em vez de instrumento ao
nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o
dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que
não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.
Depois, a
parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade
vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a
aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está
prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efémera da existência
(cf. ibid., 62).
O degrau mais
baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um
rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o
homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e,
por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar. Assim o
fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre
esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação.
Olhando para
esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o
amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um
deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis
servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).
O Evangelho do
homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se
aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma
experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as
cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem,
que és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto, tanto o rico como o
pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento
para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e
nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).
Também o nosso
olhar se abre para o Além, onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a quem
trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando mostras de fazer parte do povo de Deus.
Este detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida, porque até agora nada
se disse da sua relação com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia lugar para
Deus, sendo ele mesmo o seu único deus.
Só no meio dos
tormentos do Além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse
os seus sofrimentos com um pouco de água. Os gestos solicitados a Lázaro são
semelhantes aos que o rico poderia ter feito, mas nunca fez. Abraão, porém,
explica-lhe: «Recebeste os teus bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente
males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado» (v. 25). No Além,
restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo
bem.
Mas a parábola
continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos. De facto o rico,
que ainda tem irmãos vivos, pede a Abraão que mande Lázaro avisá-los; mas
Abraão respondeu: «Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam» (v. 29). E, à
sucessiva objeção do rico, acrescenta: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos
Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os
mortos» (v. 31).
Deste modo se
patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar
ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente,
a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a
conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o
coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom
do irmão.
Amados irmãos
e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo
vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor – que, nos quarenta
dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho
a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de
conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do
pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados.
Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive
participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em
várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na
única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na
vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então
poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.
Vaticano, 18
de outubro – Festa do Evangelista São Lucas – de 2016.