Páginas

Roteiro para Reunião Mensal da Pastoral Litúrgica – Equipes de Liturgia – Fevereiro/Março de 2017 – Pastoral Litúrgica

(preparar com bastante antecedência folhas secas, se possível fazê-las secar num forno. Escolher folhas que, quando secas, se desmanchem facilmente. Preparar também um pouco de cinza, de preferência feita com ramos usados no domingo de ramos do ano anterior. Preparar também um pequeno pilão para triturar as folhas. Também jarro com água, bacia, sabão e toalhas para enxugar as mãos.)



Acolhida:
Acolher a cada pessoa que chega com alegria e entregar uma das folhas secas.


Ambiente:
Preparar um lugar para colocar a Palavra de Deus, imagens que relembrem a quaresma, a campanha da fraternidade de 2017 e as celebrações penitenciais feitas na comunidade.



1. Oração Inicial
Canto:
Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação.   Ao Pai voltemos, junto andemos. Eis  o  tempo  de  conversão!
1. Os caminhos do Senhor são verdade, são amor. / Dirigi os passos meus; em vós espero, ó Senhor! Ele guia ao bom caminho/ quem errou e quer voltar; / ele é bom, fiel e justo. / Ele busca e vem salvar.
2. Viverei com o Senhor. / Ele é o meu sustento. / Eu confio mesmo quando/ minha dor não mais agüento. Tem valor aos olhos seus/ meu sofrer e meu morrer. / Libertai o vosso servo/ e fazei-o reviver!


Oração de São Francisco
Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz / Onde houver ódio, que eu leve o amor / Onde houver ofensa, que eu leve o perdão / Onde houver discórdia, que eu leve a união / Onde houver dúvida, que eu leve a fé / Onde houver erro, que eu leve a verdade / Onde houver desespero, que eu leve a esperança / Onde houver tristeza, que eu leve a alegria / Onde houver trevas, que eu leve a luz. /  / Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado / Compreender do que ser compreendido / Amar que ser amado / Pois, é dando que se recebe / É perdoando que se é perdoado; / E morrendo que se vive / Para a vida eterna


Acolhida:
(Quem coordena convida cada um a acolher com alegria quem estão ao lado)
Pode-se cantar:
Só porque você veio é festa no céu é festa aqui.
Com um aperto de mão , um abraço apertado, um sorriso bem largo. Vamos louvar ao Senhor ele está aqui ele está ao seu lado.


Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local. Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de fevereiro/março)

Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor, recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.


Refrão/Aclamação
A Palavra está perto de ti. Em tua boca, em Teu coração.

Proclamação do texto Bíblico

São Mateus 6,1-6.16-18
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
1'Ficai atentos
para não praticar a vossa justiça na frente dos homens,
só para serdes vistos por eles.
Caso contrário, não recebereis a recompensa
do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola,
não toques a trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
para serem elogiados pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
3Ao contrário, quando deres esmola,
que a tua mão esquerda nóo saiba
o que faz a tua mão direita,
4de modo que, a tua esmola fique oculta.
E o teu Pai, que vê o que está oculto,
te dará a recompensa.
5Quando orardes,
não sejais como os hipócritas,
que gostam de rezar em pé,
nas sinagogas e nas esquinas das praças,
para serem vistos pelos homens.
Em verdade vos digo:
eles já receberam a sua recompensa.
6Ao contrário, quando tu orares,
entra no teu quarto, fecha a porta,
e reza ao teu Pai que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
16Quando jejuardes,
não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas.
Eles desfiguram o rosto,
para que os homens vejam que estão jejuando.
Em verdade vos digo:
Eles já receberam a sua recompensa.
17Tu, porém, quando jejuares,
perfuma a cabeça e lava o rosto,
18para que os homens não vejam
que tu estás jejuando,
mas somente teu Pai, que está oculto.
E o teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa.
Palavra da Salvação.

(Depois da proclamação todos são convidados a se assentar e a Palavra é proclamada mais uma vez. Após um momento de silêncio cada um é convidado a repetir um trecho significativo.)

Preces:
Fazer um momento de preces espontâneas, depois de cada um pode-se cantar:
“A igreja vos pede oh Pai, Senhor nossa prece escutai.”

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso


2. Vivência: Cinzas

1. Motivação
(Quem preside motiva cada um a pensar sobre as próprias fragilidades, faltas e pecados que precisam ser corrigidos. Representando o desejo de se livrar das próprias faltas, enquanto se reza o salmo, cada um deve se aproximar do pilão triturar a própria folhinha e amassá-la como pilão.)

2. Salmo 50
Refrão: Piedade, Ó Senhor, Tende piedade, Pois pecamos contra vós!
1. Tende piedade, / Ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Do meu pecado, todo inteiro, me lavai / E apagai completamente a minha culpa.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / O meu pecado está sempre à minha frente, / Foi contra vós, só contra vós que eu pequei / E pratiquei o que é mau aos vosso olhos!
3. Criai em mim um coração que seja puro, / Dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / Nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
4. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / E confirmai-me com espírito generoso! / Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar / E minha boca anunciará vosso louvor!

3. Cinzas
Quem preside mistura as cinzas no pó das folhas trituradas e diz o convite e a oração de benção:

Irmãos caríssimos: Oremos fervorosamente a Deus nosso Pai, para que Se digne abençoar com a abundância da sua graça estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, em sinal de penitência.

E depois de alguns momentos de oração em silêncio, diz a oração:

Senhor nosso Deus, que Vos compadeceis daquele que se humilha e perdoais àquele que se arrepende, ouvi misericordiosamente as nossas preces e derramai a vossa bênção sobre os vossos servos que vão receber estas cinzas, para que, fiéis à observância quaresmal, mereçam chegar, de coração purificado, à celebração do mistério pascal do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Em seguida quem preside faz a cruz em uma pessoa e diz: Convertei-vos e crede no evangelho! Esta pessoa, por sua vez, faz o mesmo com outra pessoa. E assim por diante até que todos possam fazer o gesto.

Enquanto o festo é feito pode-se cantar num volume de voz baixo:

Pecador agora é tempo

4. Encerramento
Quem preside faz a oração que segue, encerrando o recorte do rito:

Deus de infinita bondade, que não desejais a morte do pecador mas a sua conversão, ouvi misericordiosamente as nossas súplicas e dignai-Vos abençoar estas cinzas que vamos impor sobre as nossas cabeças, para que, reconhecendo que somos pó da terra e à terra havemos de voltar, alcancemos, pelo fervor da observância quaresmal, o perdão dos pecados e uma vida nova à imagem do vosso Filho ressuscitado, Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.


5. Partilha sobre a Vivência

1. Como foi vivenciar o rito?
2. O que faltou?
3. Como ajudar a Assembléia a vivenciar melhor o rito na quarta feira de Cinzas?



3. Estudo de temas
Se o grupo for grande pode-se dividir em três grupos. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste mês?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.

3. Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica
Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...



4. Oração Final
Oração da Campanha da Franternidade 2017

Deus, nosso Pai e Senhor,
nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade.

Criastes o universo com sabedoria
e o entregastes em nossas frágeis mãos
para que dele cuidemos com carinho e amor.

Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela
Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil,
o desejo e o empenho de cuidar mais e mais
da vida das pessoas,
e da beleza e riqueza da criação,
alimentando o sonho do novo céu e da nova terra
que prometestes.

Amém!


Despedida e abraço da Paz

Motivar cada um a escolher uma pessoa, ajudá-la a lavar as mãos e saudar com um abraço da paz.


Canto Final
Verdade vos libertará. Libertará (bis)
Não temais os que matam o corpo Não temais os que armam ciladas Não temais os que vos caluniam Nem aqueles que portam espadas Não temais os que tudo deturpam pra não ver a justiça vencer Tende medo somente do medo De quem mente pra sobreviver Tende medo somente do medo De quem mente pra sobreviver
A Verdade vos libertará. Libertará A verdade vos libertará, libertará
Não temais os que vos ameaçam Com a morte ou com difamação Não temais os poderes que passam -Eles tremem de armas na mão Não temais os que ditam as regras Na certeza de nunca perder Tende medo somente do medo De quem cala ou finge não ver Tende medo somente do medo De quem cala ou finge não ver
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos libertará, libertará
Não temais os que gritam nas praças Que está tudo perfeito e correto Não temais os que afirmam de graça Que vós nada trazeis de concreto Não temais o papel de profetas Que o papel do profeta é falar Tende medo somente do medo De quem acha melhor não cantar Tende medo somente do medo De quem acha melhor não cantar
A Verdade vos libertará. libertaráA verdade vos libertará, libertará


Textos para o Estudo

Pode-se dividir em três grupos e cada grupo lê a introdução da mensagem e um ponto. Ou todos os grupos podem ser a mensagem completa.


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2017

A Palavra é um dom. O outro é um dom

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão.

1. O outro é um dom

A parábola inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre: encontra-se numa condição desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o quadro é sombrio, com o homem degradado e humilhado.

A cena revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda». Não se trata duma pessoa anónima; antes, tem traços muito concretos e aparece como um indivíduo a quem podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto Lázaro é como que invisível para o rico, a nossos olhos aparece como um ser conhecido e quase de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um dom, uma riqueza inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, apesar da sua condição concreta ser a duma escória humana (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida. O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho. Cada vida que se cruza connosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas, para se poder fazer isto, é necessário tomar a sério também aquilo que o Evangelho nos revela a propósito do homem rico.

2. O pecado cega-nos

A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas como «rico». A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um luxo exagerado, que usa. De facto, a púrpura era muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9) e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho especial que ajudava a conferir à posição da pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf. Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).

O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.

Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).

O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação.

Olhando para esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).

3. A Palavra é um dom

O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).

Também o nosso olhar se abre para o Além, onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a quem trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando mostras de fazer parte do povo de Deus. Este detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida, porque até agora nada se disse da sua relação com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia lugar para Deus, sendo ele mesmo o seu único deus.

Só no meio dos tormentos do Além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse os seus sofrimentos com um pouco de água. Os gestos solicitados a Lázaro são semelhantes aos que o rico poderia ter feito, mas nunca fez. Abraão, porém, explica-lhe: «Recebeste os teus bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado» (v. 25). No Além, restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo bem.

Mas a parábola continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos. De facto o rico, que ainda tem irmãos vivos, pede a Abraão que mande Lázaro avisá-los; mas Abraão respondeu: «Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam» (v. 29). E, à sucessiva objeção do rico, acrescenta: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos» (v. 31).

Deste modo se patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.

Amados irmãos e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor – que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.

Vaticano, 18 de outubro – Festa do Evangelista São Lucas – de 2016.