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Reunião da Pastoral Litúrgica - Maio

Roteiro para Reunião Mensal – Pastoral Litúrgica - Maio

Acolhida:
Fazer uma boa acolhida para quem chega. Entregar uma vela aos que chegam.

Ambiente:
Preparar o ambiente com um lugar para a proclamação da Palavra de Deus, imagens que lembrem o mês de Maria, a ascensão de Jesus, Pentecostes e a Santíssima trindade. Colocar o Ciro Pascal em destaque junto à Palavra de Deus.

1. Oração Inicial
Mantra:
“Mesmo as trevas, não são trevas, para Ti a noite é luminosa como o dia!”

Invocação ao Espírito Santo
Ouvir: http://liturgiadashoras.org/musica/MKolling/vemespirito.mp3

Oh vinde, Espírito Criador,
as nossas almas visitai
e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor,
do Deus excelso o dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.

Sois doador dos sete dons,
e sois poder na mão do Pai,
por ele prometido a nós,
por nós seus feitos proclamais.

A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli,
e concedei-nos vossa paz;
se pela graça nos guiais,
o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador
por vós possamos conhecer.
Que procedeis do seu amor
fazei-nos sempre firmes crer.



Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local)


Mantra/Aclamação

“Vai vai missionário do Senhor, vai trabalhar na messe com amor”

Leitura do Texto bíblico: Mateus 28,16-20
Naquele tempo:
Os onze discípulos foram para a Galiléia,
ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele.
Ainda assim alguns duvidaram.
Então Jesus aproximou-se e falou:
'Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.
Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos,
batizando-os em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo,
e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!
Eis que eu estarei convosco todos os dias,
até ao fim do mundo'.
Palavra da Salvação.


Preces:
Fazer um momento de preces espontâneas, depois de cada um pode-se cantar:
“Ouve Senhor a nossa prece, mandai operários para vossa messe.”

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso


Vivência:

A) Apagam-se as luzes, deixando apenas o Círio Pascal aceso. Quem coordena convida cada um a trazer à memória os momentos da vida, morte e ressurreição de Jesus e fatos e experiências da presença do ressuscitado na vida da comunidade.

B) Quem coordena inicia o gesto, acende a própria vela e a entrega a outra pessoa dizendo: “que a luz de Cristo ilumine sua vida”.

C) Segue-se o Rito para apagar o Círio:

Presidente: Irmãos e irmãs, na noite na qual se  deu vida ao alegre tempo Pascal, o “dia de cinqüenta dias”, no momento de acender o Círio, nós aclamamos a Cristo nossa Luz. E a luz do Círio pascal nos acompanhou nestes cinqüenta dias e contribuiu não pouco a nos fazer recordar a grande realidade do Mistério pascal.
Leitor 1: Hoje, no dia de Pentecostes, ao fechar-se o Tempo da Páscoa, o Círio é apagado, este sinal nos é tirado, também porque, educados  na escola pascal do mestre Ressuscitado e cheios do fogo dos dons do Espírito Santo, agora, devemos ser nós, “Luz de Cristo” que se irradia, como uma coluna luminosa que passa no mundo, em meio aos irmãos, para guia-los no êxodo em direção ao céu, à “terra prometida” definitiva.
Leitor 2: Veremos agora, no desenrolar do ano litúrgico, resplender a luz do Círio Pascal, sobretudo em dois momentos importantes do caminhar da Igreja: Na primeira Páscoa que viveram os  seus filhos com a recepção do Batismo, e por ocasião da última Páscoa, quando, com a morte, ingressarão na verdadeira vida. 

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Leitor 1: Ó Sol da justiça, raio bendito, primeira fonte de luz, o ardentemente desejado, acima de tudo e de todos; poderoso, inescrutável e inefável; alegria do bem, visão da esperança satisfeita, louvado e celeste, Cristo criador, Rei da glória, certeza da vida/, preenche os vazios da nossa voz com a Tua Palavra onipotente, oferecendo-a como súplica agradável ao teu Pai altíssimo/.

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Leitor 2: Esplendor da glória do Pai, que difunde a claridade da verdadeira luz, raio da luz, fonte de todo esplendor/. Tu, dia que ilumina o dia, Tu verdadeiro sol, penetra com a tua luz constante e infunde nos nossos sentidos a chama do teu Espírito/. 

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Leitor 1: Sois a lâmpada da casa paterna que ilumina com luz ardente/. Sois o sol da justiça, o dia que jamais escurece, a luminosa estrela da manhã/. 

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Leitor 2: Sois do mundo o verdadeiro doador da Luz, mais luminoso que o sol pleno, todo luz e dia/, ilumina os profundos sentimentos do nosso coração/.

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Leitor 1: Ó Luz dos meus olhos, doce Senhor, defesa dos meus dias, ilumina Senhor o meu caminho, pois sois a esperança na longa noite/. Ó chama viva da minha vida, ó Deus, minha luz/.

Presidente: (se possível cantando): Cristo, Luz do mundo!
Todos: Demos graças a Deus!

Quem preside convida todos a se aproximarem do Círio Pascal e faz a seguinte oração:

Digna-Te, ó Cristo, nosso dulcíssimo Salvador, de acender as nossas lâmpadas da fé; que em Teu templo elas refuljam constantemente, alimentadas por Ti, que sois a luz eterna; sejam iluminados os ângulos escuros do nosso espírito e sejam expulsas para longe de nós as trevas do mundo/.
Apaga o Círio
Faz que vejamos, contemplemos, desejemos somente a Ti, que só a Ti amemos, sempre no fervente aguardo de Ti, Que vives e reinas pelos séculos dos séculos/.

Todos aclamam, cantando: Amém! Amém! Amém!


D) Partilha sobre a Vivência



2. Estudo de temas
Se o grupo for grande pode-se dividir em quatro grupos, se for menor escolham, pelo menos, dois temas de estudo. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para vivenciar na liturgia o que o texto nos apresenta?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões de vivencia litúrgica que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.

3. Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica
Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...



4. Oração Final

Hino
Enquanto cada um acende sua vela no Círio, pode-se cantar ou rezar o hino das completas:

Agora que o clarão da luz se apaga a vós nós imploramos Criador, com vossa paternal misericórdia, guardai-nos sob a luz do vosso amor.
Os nossos Corações sonhem convosco, no sono possam eles vos sentir. Cantemos novamente a vossa glória ao brilho da manhã que vai surgir.
Saúde concedei-nos nesta vida,  as nossas energias renovai; da noite a pavorosa escuridão  com vossa claridade iluminai.
Ó Pai, prestai ouvido às nossas preces,  ouvi-nos por Jesus, nosso Senhor, que reina para sempre em vossa glória,  convosco e o Espírito de Amor.


Oração de benção
Terminado o hino, quem preside reza a oração de benção:
O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti sua face, e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!

Despedida e abraço da Paz
Todos se cumprimentam trocando as velas e dizendo algo parecido com:
“Que o Senhor te ilumine e te de a Paz!”



Textos para o Estudo
(Do site cnbb.org.br)

1. Maio: Mês de Maria

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira (Arcebispo Emérito de Uberaba – MG)

As referências dos Evangelhos e do Atos dos Apóstolos a Maria, Mãe de Jesus, apesar de poucas, deixam ver muito desta privilegiada criatura, escolhida para tão alta missão. São Paulo, na Carta aos Gálatas (4,4), dá a entender claramente que, no pensamento divino de nos enviar o seu Filho, quando os tempos estivessem maduros, uma Mulher era predestinada a no-Lo dar. Para que se compreenda a presença de Maria nesta predestinação divina, a Igreja, na festa de 8 de dezembro, aplica à Mãe de Deus, aquilo que o livro dos Provérbios (8, 22) diz da sabedoria eterna: “os abismos não existiam e eu já tinha sido concebida. Nem fontes das águas haviam brotado nem as montanhas se tinham solidificado e eu já fora gerada. Quando se firmavam os céus e se traçava a abóboda por sobre os abismos, lá eu estava junto dele e era seu encanto todos os dias”. Era pois a predestinada nos planos divinos.Maio: Mês de Maria.

Para se perceber melhor o perfil materno de Nossa Senhora, três passagens bíblicas podem esclarecer. A primeira é a das Bodas de Caná, que realça a intercessora. Quando percebeu – o olhar feminino que tudo vê e tudo observa – estar faltando vinho, sussurra no ouvido do Filho sua preocupação e obtém, quase sem pedir, apenas sugerindo, o milagre da transformação da água em generoso vinho. Ela é de fato a mãe que se interessa pelos filhos de Deus que são seus filhos.

Outra passagem do Evangelho esclarecedora da personalidade de Maria é a que nos mostra seu silêncio e sua humildade. O anjo a encontra na quietude de sua casa, rezando, para dizer-lhe que fora escolhida por Deus para dar ao mundo o Emanuel, o Salvador. Ela se assusta com a mensagem celeste, porque, na sua humildade, nunca poderia ter pensado em ser escolhida do Altíssimo. Acolhe assim, por vontade divina, a palavra do mensageiro, silenciosamente, sem dizer, nem sequer ao noivo José, o que nela se realizava. Deus tem o direito de escolher e por isto Ela diz apenas o generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.

O terceiro traço de Maria-Mãe é sua corajosa atitude diante do sofrimento. Ao apresentar o seu Jesus no templo, ouve a assustadora profecia do velho Simeão: “uma espada de dor transpassará a tua alma”. Pouco mais tarde, estreitando ao peito o Menino Jesus, deve fugir para o Egito com o esposo, para que a crueldade de Herodes não atingisse a Criança que – pensava ele, Herodes – lhe poderia roubar o trono. Quando seu filho tem doze anos, desencontra-se dele e, ao achá-lo após três dias, queixa-se amorosamente: “por que fizeste isto? Eu e teu pai te procurávamos, aflitos”. Sua coragem se confirma na paixão e crucifixão de Jesus. De pé, ali no Calvário, sofre e associa-se ao sacrifício do redentor. É a mulher forte, a mãe corajosa e firme, a quem a dor não derruba. De fato, a espada de Simeão lhe atravessara a alma e o coração. É a Senhora das Dores.

Maio, mês a Ela dedicado pela piedade cristã, é um convite para voltarmos nosso olhar a esta Mãe querida para pedir-Lhe, abra as mãos maternas em Bênção de carinho sobre nossos passos nesta difícil escalada da Jerusalém celeste.



2. Ascensão de Jesus
Dom Orani João Tempesta

"Então, os que estavam reunidos perguntaram a Jesus: 'Senhor, é agora que vais restaurar o Reino em Israel'? Jesus respondeu: Não cabe a vocês saber o tempo e as datas que o Pai reservou à sua própria autoridade. Mas o Espírito Santo descerá sobre vocês, e dele receberão forças para serem minhas testemunhas em Jerusalém, na Judéia e em toda a Samaria, e até os extremos da Terra. Depois de dizer isto, Jesus foi elevado ao céu à vista deles.

Ascensão do Senhor, palavra que quer significar a subida, a elevação de Cristo aos céus. Diante dos olhos de seus discípulos Jesus ergue aos céus. Momento em que Ele revela mais uma vez a sua condição Divina e a sua entrada triunfante no Reino do Pai.

Em sua homília na Festa da Ascensão em 2009, o Papa Bento XVI afirmou que “Na Ascensão de Cristo ao Céu, o ser humano entra numa nova intimidade com Deus, sem precedentes. O homem encontra agora, e para sempre, espaço em Deus. O 'Céu' não é um lugar sobre as estrelas, mais uma coisa muito mais ousada e sublime: é o próprio Cristo, a Pessoa Divina que acolhe plenamente e para sempre a humanidade, Aquele no qual Deus e o homem estão inseparavelmente unidos para sempre".

É, pois, a Festa da Ascensão, também o sinal da elevação do ser humano a Deus. Primeiro Cristo e, depois dele, todos os que no seu Nome, vida e sangue foram reconciliados com Deus. É uma prefiguração de toda ação escatológica, para a qual tende a vida da Igreja: "Somos cidadãos do céu". E como nos afirma Paulo em seus escritos "Se com Cristo morremos, também com Ele viveremos" (cf. Rm 6,8).

A Festa da Ascensão relembra, ainda, a cada cristão, que suas cabeças devem estar erguidas diante das dificuldades da vida, recordando a vitória final, após o sofrimento, ao mesmo tempo em que ensina e envia para a vida. Os discípulos olhavam para o céu, enquanto Jesus subia (mística do reconhecimento do senhorio divino de Nosso Senhor), mas tão logo são enviados ao mundo para a vida que continua, com a esperança escatológica de sua volta gloriosa, tal qual Ele havia subido. A vida continua, a presença do Ressuscitado é uma presença espiritual que renova a esperança e reacende a chama da fé e do amor. É o encontro da humanidade com a divindade de Cristo. É a união do céu e da Terra! Tudo o que Pedro, chefe dos apóstolos, ligar na Terra será ligado no céu. Tudo que se desligar na Terra será desligado no céu (cf. Mt 16, 16ss). É o encontro do tempo e da eternidade; do passageiro e do eterno.

A ascensão se liga ao pastoreio de Jesus, bom pastor, único e eterno sacerdote, que deseja reconduzir suas ovelhas ao aprisco e devolver-lhe a dignidade manchada e ferida pelo pecado. Ela não trata de uma ausência de Jesus na história humana, mas uma prefiguração de nossa história mergulhada na eternidade que não se acaba, indicando-nos a direção à qual tendemos. A Igreja não se funda na ausência de seu Senhor, mas na certeza de sua presença à direita do Pai, soberano e senhor do tempo, da história e da eternidade; na certeza de sua presença sempre constante e operante pela presença do Espírito Santo, o Paráclito, o Espírito da verdade que Ele envia sobre os discípulos reunidos no cenáculo.

A ascensão, diz o papa, "relembra a transcendência da Igreja", enquanto ela constrói e trabalha pelo Reino de Deus, na vida e na história, ela marcha rumo ao seu destino definitivo na eternidade, que é Cristo mesmo. O Céu, mais que um lugar, é o próprio Cristo, com o Pai e o Espírito Santo. Jesus sobe, envia os seus discípulos a pregarem o Evangelho e faz descer o seu Espírito, garantindo a sua presença constante na história, e nunca a sua ausência. Ele é presença que não se desfaz.

Nossas comunidades devem ser inflamadas nessa realidade: o Senhor e Cristo, ressuscitado, subiu aos céus, está à direita do Pai, mas não nos deixou órfãos; enviou seu santo Espírito para ser consolador e incentivador de nossa missão de continuar, na história, a construir o Reino que não tem fim.

É nessa esperança que vive a Igreja de Cristo, com Maria e toda a nuvem dos escolhidos e santificados no sangue do Senhor, clamando, ação magnífica do Espírito do Senhor, a volta definitiva e gloriosa de seu Senhor e Cristo. "O Espírito e a esposa dizem: Vem, Senhor Jesus!" e, aquele que ouve diga também: Vem, Senhor Jesus, Maranathá!



3. Pentecostes: Festa da unidade na diversidade

Dom Pedro Carlos Cipolini

Durante cinquenta dias nós caminhamos à luz da Páscoa celebrando a ressurreição de Jesus Cristo. A  paixão e morte de Jesus na Cruz, sua gloriosa ressurreição e a vinda do Espírito Santo são um acontecimento único que caracteriza a “nova criação” que Deus realiza por meio de seu Filho, o novo Adão. Em Cristo, Deus Pai criador, renova, recria o mundo conforme a obra de seu Filho Jesus, obra que levamos avante guiados pela força do Espírito Santo (Rm 8,14). Podemos afirmar que o mundo que jaz morto no pecado, ressuscita com Cristo, pelo Espírito Santo dado á sua Igreja que é semente do Reino de Deus na História (LG 3).

Em Pentecostes, a Igreja desejada por Jesus como “pequeno Rebanho” (Lc 12,32), é insuflada pelo sopro do Espírito e surge como “missão a serviço do Reino de Deus” anunciado por Jesus. Mais que dizer que a Igreja tem uma missão, podemos dizer que o Reino de Deus tem uma Igreja missionária a seu serviço, para difundi-lo no mundo. Assim, a Igreja reverte o acontecimento narrado no episódio da Torre de Babel, onde ninguém se entendia pela confissão das línguas. Em Pentecostes acontece o contrário, o Espírito, através da Igreja difunde no mundo a linguagem do amor, o qual  inclui a justiça com o perdão e  misericórdia.

Pela linguagem do amor, o Espírito une a diversidade na força do ressuscitado: “Um só Senhor, uma só fé um só batismo” (Ef 4,5). O mesmo Espírito produz a multiplicidade de dons e ao mesmo tempo produz a unidade, pois o  Espírito Santo é o amor de Deus que tudo une. O mundo de hoje, maravilhoso no seu aspecto tecnológico e científico, precisa de um novo Pentecostes, para perceber que é o Espírito Santo de Deus, a fonte de toda novidade, inspiração e força criativa do ser humano. Desde o início, o Espírito pairava sobre tudo o que era criado (Gn 1,2).

É necessário considerar que em  nível interno da Igreja, o Espírito Santo nos convida à unidade. A paixão pelo Reino é inseparável da paixão pela unidade: somos membros diversos do mesmo Corpo (Rm 12, 3-8; 1Cor 12, 3-13).  Ideologizar a mensagem do Evangelho é um perigo que ronda nossas comunidades. Quando isto acontece, a Igreja se torna “casa de estranhos”, como um hotel onde as pessoas estão juntas, mas não unidas, reunidas, mas não unidas. Em nível externo, a força e o dinamismo do Espírito Santo, impelem a Igreja para a missão. O Espírito Santo desinstala sempre a comunidade, para que vá avante e seja criativa nos meios, métodos e linguagem,  que a evangelização exige.

E hoje, em tempo de mudanças, ou melhor, em mudança de época como se convencionou caracterizar nossa realidade vista de forma abrangente, mais que nunca é necessário ouvir o que diz o Espírito Santo à Igreja (cf. Ap 2,27). Mais que nunca é necessário perceber os “sinais dos tempos” que pedem uma “conversão pastoral” (cf. Doc. de Aparecida n. 365-366). Conversão pastoral que só é possível, na fidelidade ao Espírito Santo que conduz a Igreja, inspirando-lhe “a necessidade de uma renovação eclesial que implica reformas espirituais, pastorais e também institucionais” (Doc. De Aparecida n. 367).

Na força do Espírito que recebemos, o qual nos inspira e ampara, tenhamos a paixão pela unidade, saibamos sofrer para construí-la na diversidade e adversidade. Ao mesmo tempo tenhamos a paixão pela missão, cada dia mais urgente e exigente.



4. Santíssima Trindade

Dom Paulo Mendes Peixoto

A prática cristã proclama a existência de Deus, que se manifesta de forma trina, como Pai, Filho e Espírito Santo. Na visão de um padre dos primeiros séculos do cristianismo, Tertuliano, Deus é três em grau, não em condição; em forma, não em substância; em aspecto, não em poder. A Trindade de Deus é uma realidade com profundo apoio nos textos bíblicos.

No universo da existência, dizemos que Deus é o Criador de tudo e de todos. Ele fez com o povo uma Aliança, um pacto de compromisso, entendido como missão. Isto acontece afirmando a unidade de Deus, proclamando a não existência de outros deuses. Deus é um, e não único em relação à existência de outros deuses.

Ao criar o ser humano, Deus já se revela como comunidade, porque fez isto à sua imagem e semelhança. Ele cria a coletividade das pessoas como reflexo de sua existência. As criaturas humanas são chamadas a ser como Deus, como comunidade, no respeito às diferenças, que deve contribuir para a unidade.

Ao enviar os apóstolos em missão, Jesus revela a trindade de Deus mandando batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao dizer: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos um!” (Jo 14, 9-10), está afirmando que na Trindade Divina existe uma perfeita unidade.

Toda criatura humana é chamada a participar do mistério da trindade de Deus, nos dizeres do apóstolo Paulo: “todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14). Com isto tornamo-nos filhos adotivos, herdeiros de Deus e impulsionados a viver na liberdade criativa da Trindade, comprometidos com a causa da unidade de todos.


Cabe a cada pessoa fazer sua inserção no dinamismo da Trindade, vendo nos diferentes uma força unificadora e criadora de um mundo novo. Isto acontece na experiência comunitária solidificada na solidariedade, no amor e na comunhão. Tudo deve criar em nós o desejo de construir uma sociedade justa, igualitária e à semelhança da Trindade.