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Roteiro para Reunião Mensal Junho 2017 – Pastoral Litúrgica

Roteiro para Reunião Mensal Junho 2017 – Pastoral Litúrgica

Acolhida:
Receber a cada um com alegria, entregar as folhas com o roteiro e os cantos usados.

Ambiente:
Fotos e ilustrações das procissões, enfeites e em geral de celebrações de Corpus Chisti. Lugar para a Palavra. Fazer um caminho até o lugar da palavra de Deus e colocar as fotos e ilustrações no caminho.


Oração Inicial
Canto:

Vamos todos louvar juntos
o mistério do amor,
pois o preço deste mundo
foi o sangue redentor,
recebido de Maria,
que nos deu o Salvador.

Veio ao mundo por Maria,
foi por nós que ele nasceu.
Ensinou sua doutrina,
com os homens conviveu.
No final de sua vida,
um presente ele nos deu.

Observando a Lei mosaica,
se reuniu com os irmãos.
Era noite. Despedida.
Numa ceia:refeição.
Deu-se aos doze em alimento,
pelas suas próprias mãos.

A Palavra do Deus vivo
transformou o vinho e o pão
no seu sangue e no seu corpo
para a nossa salvação.
O milagre nós não vemos,
basta a fé no coração.

Tão sublime sacramento
adoremos neste altar,
pois o Antigo Testamento
deu ao Novo seu lugar.
Venha a fé por suplemento
os sentidos completar.

Ao Eterno Pai cantemos
e a Jesus, o Salvador.
Ao Espírito exaltemos,
na Trindade, eterno amor.
Ao Deus Uno e Trino demos
a alegria do louvor.

Invocação ao Espírito Santo

Oh vinde, Espírito Criador,
as nossas almas visitai
e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor,
do Deus excelso o dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.

A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.


Recordação da vida
(Recordar em especial os acontecimentos da vida litúrgica da Igreja em geral e da comunidade local. Recordar as motivações que teremos para celebrar no mês de junho)

Cantar: recordações, lembranças da vida, sofrida e querida na festa e na dor, recebe nas mãos a recordação dos filhos e filhas amados, Senhor.










Mantra/Aclamação
O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão no Sangue do Senhor.

João 6, 51-58

51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. 52 A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne? 53 Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.


Preces:
R. Felizes os convidados para a ceia do Senhor!

1 Cristo, Sacerdote da nova e eterna Aliança, que no altar da cruz oferecestes ao Pai um sacrifício perfeito,  ensinai-nos a oferecer convosco este sacrifício santo. R.
2 Cristo, rei de paz e de justiça, que consagrastes o pão e o vinho como sinais da vossa oferenda,  associai-nos ao vosso sacrifício, como oferenda agradável a Deus Pai. R.
3 Cristo, verdadeiro adorador do Pai, que do nascer ao pôr do sol sois oferecido pela Igreja como uma oblação pura,   congregai na unidade do vosso corpo os que saciais com o mesmo pão. R.
4 Cristo, maná descido do céu, que alimentais a Igreja com o vosso corpo e o vosso sangue,   fortificai-a na caminhada para o Pai. R.
5 Cristo, que estais à porta e bateis,   entrai e vinde sentar à nossa mesa. R.

Encerra-se o momento das preces rezando o Pai Nosso


Estudo de temas

Se o grupo for grande pode-se dividir em quatro grupos, se for menor escolham, pelo menos, dois temas de estudo. (veja os temas em anexo abaixo)
Cada grupo vai ler o texto e responder às perguntas:
1. Quais as idéias mais importantes do texto?
2. O que o texto tem há ver com nossa realidade concreta?
3. O que podemos fazer para relacionar as idéias dos textos com vivência da liturgia nas celebrações deste mês?

Faz-se uma apresentação de cada grupo para os outros grupos. Escolhem-se as sugestões que possam ser assumidas pela Pastoral Litúrgica como um todo.

Encaminhamentos práticos da Pastoral Litúrgica

Ver as questões a serem encaminhadas sobre formação, reuniões e organização das equipes de celebração, etc...


Oração Final

Canto:
1. Eu sou o pão do amor vivo/ Que desceu do céu / Não morrerá jamais/ Quem dele comer/ Pois terá a vida eterna
Presença real,/ Não é mais pão/ É o corpo de Jesus / Que se entregou por nós na cruz/ É presença real / Presença real,/ Não é mais vinho/ É o sangue do Senhor / É o mandamento do amor/ É presença real
2. Meu corpo e também meu sangue é isto/ Que é dado por vós / E será perdão/ Para todo o pecado/ Eis a nova aliança
3. E aquele que vem a mim livre/ Também vai ao Pai / E viverá feliz/ No Espírito Santo/ No projeto de Deus
4. Viver no amor e na paz de Cristo/ É a nossa missão / Não temerá jamais/ Quem a vida doar/ Em favor dos irmãos

Oração de Benção
O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal  e nos conduza à vida eterna. Amém.

Despedida e abraço da Paz

Motivar todos a saudarem-se com abraço da paz.



Textos para o Estudo


Texto 1 – Grupo 1: Ecclesia de Eucharistia

1. A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.
O Concílio Vaticano II justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é « fonte e centro de toda a vida cristã ».(1)Com efeito, « na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo ».(2) Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.

3. Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos do Apóstolos: « Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações » (2, 42). Na « fração do pão », é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas. De fato, a instituição da Eucaristia antecipava, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar da agonia no Getsémani. Revemos Jesus que sai do Cenáculo, desce com os discípulos, atravessa a torrente do Cedron e chega ao Horto das Oliveiras. Existem ainda hoje naquele lugar algumas oliveiras muito antigas; talvez tenham sido testemunhas do que aconteceu junto delas naquela noite, quando Cristo, em oração, sentiu uma angústia mortal « e o seu suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra » (Lc 22, 44). O sangue que, pouco antes, tinha entregue à Igreja como vinho de salvação no sacramento eucarístico, começava a ser derramado; a sua efusão completar-se-ia depois no Gólgota, tornando-se o instrumento da nossa redenção: « Cristo, vindo como Sumo Sacerdote dos bens futuros [...] entrou uma só vez no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, tendo obtido uma redenção eterna » (Heb 9, 11-12).

11. « O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue » (1 Cor 11, 23), instituiu o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue. As palavras do apóstolo Paulo recordam-nos as circunstâncias dramáticas em que nasceu a Eucaristia. Esta tem indelevelmente inscrito nela o evento da paixão e morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos.(9) Esta verdade está claramente expressa nas palavras com que o povo, no rito latino, responde à proclamação « mistério da fé » feita pelo sacerdote: « Anunciamos, Senhor, a vossa morte ».
A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque dom d'Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação. Esta não fica circunscrita no passado, pois « tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente ».(10)
Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e « realiza-se também a obra da nossa redenção ».(11) Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do género humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes. Assim cada fiel pode tomar parte nela, alimentando-se dos seus frutos inexauríveis. Esta é a fé que as gerações cristãs viveram ao longo dos séculos, e que o magistério da Igreja tem continuamente reafirmado com jubilosa gratidão por dom tão inestimável.(12) É esta verdade que desejo recordar mais uma vez, colocando-me convosco, meus queridos irmãos e irmãs, em adoração diante deste Mistério: mistério grande, mistério de misericórdia. Que mais poderia Jesus ter feito por nós? Verdadeiramente, na Eucaristia demonstra-nos um amor levado até ao « extremo » (cf. Jo 13, 1), um amor sem medida.



Texto 2 – Grupo 2: Carta apostólica Dominicæ Cenæ (24 de Fevereiro de 1980)


Eucaristia e Igreja

4. Graças ao Concílio nós demo-nos conta, com vigor renovado, desta verdade: assim como a Igreja "faz a Eucaristia", assim "a Eucaristia constrói" a Igreja (16); e esta verdade anda intimamente ligada ao mistério da Quinta-Feira Santa. A Igreja foi fundada, como comunidade nova do Povo de Deus, na comunidade apostólica daqueles Doze que, durante a última Ceia, se tornaram participantes do Corpo e do Sangue do Senhor sob as Espécies do pão e do vinho. Cristo tinha-lhes dito: "tomai e comei...", "tomai e bebei...". E eles, cumprindo esta Sua ordem, entraram, pela primeira vez, em comunhão sacramental com o Filho de Deus, comunhão que é penhor de vida eterna. E a partir daquele momento até ao fim dos séculos, a Igreja constrói-se mediante a mesma comunhão como Filho de Deus, que é penhor de Páscoa eterna.
No entanto, a Igreja não se realiza somente mediante o fato da união entre os homens, através da experiência da fraternidade, a que dá ocasião o banquete eucarístico. A Igreja realiza-se quando naquela fraterna união e comunhão celebramos o sacrifício da Cruz de Cristo, quando anunciamos "a morte do Senhor até que Ele venha" (17); e, depois, quando profundamente compenetrados do mistério da nossa Salvação, nos aproximamos comunitariamente da mesa do Senhor, para alimentar-nos, de modo sacramental, dos frutos do Santo Sacrifício propiciatório. Na Comunhão eucarística, pois, recebemos Cristo, o próprio Cristo; a nossa união com Ele, que é dom e graça para cada um de nós, faz com que n'Ele sejamos também associados à unidade do seu Corpo que é a Igreja.
Só assim, mediante uma tal fé e uma tal disposição de alma, se torna realidade aquela construção da Igreja, que, conforme a conhecida expressão do II Concílio do Vaticano, tem na Santíssima Eucaristia a sua "fonte e ápice" (18).
Esta verdade, que graças ao mesmo Concílio, tem vindo a conhecer um novo e vigoroso relevo (19), deve ser tema frequente das nossas reflexões e do nosso ensino. Dela se alimente toda a actividade pastoral, e que ela seja sustento para nós próprios e para todos os Sacerdotes que colaboram connosco, e enfim para as inteiras comunidades que nos estão confiadas. Assim, nesta prática há-de revelar-se, quase a cada passo, aquela íntima relação existente entre a vitalidade espiritual e apostólica da Igreja e a Eucaristia, entendida no seu significado profundo e sob todos os pontos de vista (20).

Eucaristia e Caridade

A Eucaristia significa esta caridade, e por isso a recorda, a toma presente e ao mesmo tempo a realiza. Todas as vezes que nela participamos de modo consciente, abre-se na nossa alma uma dimensão real daquele amor imperscrutável que em si contém tudo aquilo que Deus fez para nós homens, e que continuamente faz, segundo as palavras de Cristo: "O meu Pai opera sempre e também eu opero" (21). Juntamente com este dom insondável e gratuito, que é a caridade revelada, até ao extremo, no sacrifício salvífico do Filho de Deus, de que a Eucaristia é sinal indelével, nasce também em nós uma resposta de amor. Não só conhecemos o amor, mas também nós próprios começarmos a amar. Nós entramos, por assim dizer, no caminho do amor e por este caminho fazemos progressos. O amor que em nós nasce da Eucaristia, também em nós se desenvolve, se aprofunda e se reforça, graças a ela.
O culto eucarístico, pois, é exatamente expressão de um tal amor, que é a autêntica e mais profunda característica da vocação cristã. Este culto brota do amor e serve ao amor, para o qual todos nós somos chamados em Jesus Cristo (22). É fruto vivo deste mesmo culto é o aperfeiçoamento da imagem de Deus que trazemos em nós, imagem que corresponde àquela que Cristo nos revelou. Tornando-nos assim "adoradores do Pai em espírito e em verdade" (23), nós maturamos numa cada vez mais plena união com Cristo, estamos mais unidos a Ele e — se é permitido usar esta expressão — estamos cada vez mais solidários com Ele.
A doutrina da Eucaristia, sinal da unidade e vínculo da caridade, ensinada por São Paulo (24), foi em seguida aprofundada pelos escritos de muitos Santos, que são para nós um exemplo vivo do culto eucarístico. Devemos ter sempre diante dos olhos esta realidade e, ao mesmo tempo, devemos esforçar-nos continuamente por fazer com que também a nossa geração ajunte àqueles maravilhosos exemplos do passado, exemplos novos, não menos vivos e eloquentes, em que se reflicta a época à qual nós pertencemos.


Texto 3 – Grupo 3: Carta apostólica Dominicæ Cenæ (24 de Fevereiro de 1980)

Eucaristia e Próximo

6. O autêntico sentido da Eucaristia torna-se, de per si, escola de amor activo para com o próximo. Nós sabemos que é assim a ordem verdadeira e integral do amor que o Senhor nos ensinou: "nisto precisamente todos reconhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros" (25). E a Eucaristia educa-nos para este amor de maneira mais profunda; ela demonstra, de facto, qual o valor que têm aos olhos de Deus todos os homens, nossos irmãos e irmãs, uma vez que Cristo se oferece a Si mesmo de igual modo a cada um deles, sob as Espécies do pão e do vinho. Se o nosso culto eucarístico for autêntico, deve fazer crescer em nós a consciencialização da dignidade de todos e de cada um dos homens. A consciência dessa dignidade, depois, torna-se o motivo mais profundo da nossa relação com o próximo.

Devemos também tornar-nos particularmente sensíveis a todos os sofrimentos e misérias humanas, a todas as injustiças e arbitrariedades, buscando a maneira de a isso remediar de forma eficaz. Aprendamos a descobrir com respeito a verdade sobre o homem interior, porque é precisamente esse íntimo do homem que se torna morada de Deus presente na Eucaristia. Cristo vem aos corações e visita as consciências dos nossos irmãos e irmãs. Como se modifica a imagem de todos e de cada um dos homens, quando tomamos consciência desta realidade, quando a tornamos objecto das nossas reflexões! O sentido do Mistério eucarístico impele-nos ao amor para com o próximo, ao amor para com todos e cada um dos homens (26).

Eucaristia e Vida

7. Sendo portanto fonte de caridade, a Eucaristia esteve sempre no centro da vida dos discípulos de Cristo. Ela tem o aspecto de pão e de vinho, ou seja, de comida e de bebida, e por isso é tão familiar para o homem, conexa de modo tão íntimo com a sua vida, como o são precisamente a comida e a bebida. A veneração de Deus que é Amor, no culto eucarístico nasce daquela espécie de intimidade com que Ele próprio, analogamente à comida e à bebida, enche o nosso ser espiritual, assegurando-lhe, de modo semelhante àquelas, a vida. Tal veneração "eucarística" de Deus corresponde estritamente, portanto, aos seus planos salvíficos. Ele mesmo, o Pai, quer que "os verdadeiros adoradores" (27), O adorem precisamente assim; e Cristo é intérprete desse querer; e isso, com as suas palavras e, simultaneamente, com este Sacramento, no qual nos torna possível a adoração do Pai, da maneira mais conforme com a Sua vontade.

De um conceito assim do culto eucarístico se origina, depois, todo o estilo sacramental da vida do cristão. Efectivamente, o levar uma vida baseada nos Sacramentos, animada pelo sacerdócio comum, quer dizer antes de mais nada, da parte do cristão, o desejar que Deus aja nele para o fazer chegar no Espírito "à plena estatura de Cristo" (28). E Deus, da Sua parte, não o toca somente através dos acontecimentos e com a sua graça interna, mas age nele, com maior certeza e vigor, através dos Sacramentos. Estes conferem à vida do cristão um estilo sacramental.

Pois bem: dentre todos os Sacramentos, é a Santíssima Eucaristia que faz chegar à plenitude a sua iniciação de cristão e que confere ao exercício do sacerdócio comum esta forma sacramental e eclesial que o põe em conexão — como já aludi em precedência (29) — com o exercício do Sacerdócio ministerial. Deste modo, o culto eucarístico é centro e fim de toda a vida sacramental (30). Repercutem continuamente nele, com um eco profundo, os Sacramentos da iniciação cristã: Baptismo e Confirmação. Onde é que se expressa melhor a verdade de não somente "nos chamarmos", mas também de que "realmente o somos, filhos de Deus" (31), em virtude do sacramento do Baptismo, senão no facto precisamente de que na Eucaristia nos tornamos participantes do Corpo e do Sangue do unigénito Filho de Deus? E o que é que melhor nos predispõe para sermos "verdadeiras testemunhas de Cristo" (32), perante o mundo, como há-de resultar do sacramento da Confirmação, senão a Comunhão eucarística, em que Cristo Se nos dá em testemunho a nós e nós damos testemunho d'Ele?



Texto 4 – Grupo 4: Catecismo da Igreja Católica 1324 a 1332


I. A Eucaristia – fonte e cume da vida eclesial

1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (146). «Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa» (147).
1325. «A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é o que é, são significados e realizados pela Eucaristia. Nela se encontra o cume, ao mesmo tempo, da acção pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai» (148).
1326. Enfim, pela celebração eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando «Deus for tudo em todos» (1 Cor 15, 18 ).
1327. Em síntese, a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé: «A nossa maneira de pensar está de acordo com a Eucaristia: e, por sua vez, a Eucaristia confirma a nossa maneira de pensar» (149).

II. Como se chama este sacramento?

1328. A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diferentes nomes que lhe são dados. Cada um destes nomes evoca alguns dos seus aspectos. Chama-se:
Eucaristia, porque é acção de graças a Deus. As palavras« eucharistein» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24) e «eulogein» (Mt 26, 26; Mc 14, 22) lembram as bênçãos judaicas que proclamam – sobretudo durante a refeição – as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação.
1329. Ceia do Senhor (150), porque se trata da ceia que o Senhor comeu com os discípulos na véspera da sua paixão e da antecipação do banquete nupcial do Cordeiro (151) na Jerusalém celeste.
Fracção do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família (152), sobretudo aquando da última ceia (153) . É por este gesto que os discípulos O reconhecerão depois da sua ressurreição (154) e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas (155). Querem com isso significar que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com Ele e formam um só corpo n'Ele (156).
Assembleia eucarística («sýnaxis»), porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da Igreja (157).
1330. Memorial da paixão e ressurreição do Senhor. Santo Sacrifício, porque actualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou ainda santo Sacrifício da Missa, «Sacrifício de louvor» (Heb 13, 15) (158), Sacrifício espiritual (159) Sacrifício puro (160) e santo, pois completa e ultrapassa todos os sacrifícios da Antiga Aliança.
Santa e divina Liturgia, porque toda a liturgia da Igreja encontra o seu centro e a sua expressão mais densa na celebração deste sacramento; no mesmo sentido se lhe chama também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se igualmente do Santíssimo Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies eucarísticas guardadas no sacrário.
1331. Comunhão, pois é por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes do seu corpo e do seu sangue, para formarmos um só corpo (161); chama-se ainda as coisas santas («tà hágia»; «sancta») (162) – é o sentido primário da «comunhão dos santos» de que fala o Símbolo dos Apóstolos – , pão dos anjos, pão do céu, remédio da imortalidade (163), viático...

1332. Santa Missa, porque a liturgia em que se realiza o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis («missio»), para que vão cumprir a vontade de Deus na sua vida quotidiana.